Os Reformistas: Sua História e Seus Ensinos


Texto retirado da Revista Adventista de 1950
Autor: Edgar Brooks

Faz bastantes anos, trabalhava afanosamente em várias partes da América do Sul, para afastar da igreja nossos irmãos, um grupo de pessoas que denominam sua obra o Movimento de Reforma dos Adventistas do Sétimo Dia. Procuram por toda parte conquistar a confiança de nossos
irmãos, apresentando-se como adventistas do sétimo dia. Apenas conseguida essa confiança, porém, começam a difamar nossa organização, taxando-a de apóstata e afirmando ser a sua a verdadeira igreja adventista. A fim de que nossos irmãos estejam informados quanto a esses chamados "reformistas", damos a seguir um breve resumo de sua história e seus ensinos.

Nasceu esse movimento na Alemanha, durante a guerra de 1914-1918. Essa guerra, que estalou com a rapidez de um relâmpago, colheu muito de surpresa a nossos irmãos nos países interessados. O caso se tornou especialmente difícil em países como a Alemanha, onde havia a conscrição obrigatória, e muitos de nossos crentes foram chamados automaticamente a incorporar-se ao exército. Isto colocou os dirigentes de nossa obra numa situação extremamente difícil. Não tiveram tempo para estudar a fundo a questão nem para pedir conselho à Associação Geral. Uma imprudência sua poderia colocar a todos os nossos irmãos daquele país em graves dificuldades.

Sobre o que ocorreu nesse transe, cito uma carta recebida do pastor R. Ruhling, atualmente da Associação Geral, e que em sua qualidade de secretário do pastor L. R. Conradi, teve conhecimento exato de todo o ocorrido na direção de nossa obra ali.

"A maioria dos membros alemães da igreja adventista do sétimo dia opinava que deviam dar pleno apoio ao seu governo e defender a pátria. A guerra rompera fazia algum tempo, e nada ocorrera que turbasse a serenidade de nossas igrejas, até que um tal J. Wieks, membro de uma de nossas igrejas, foi encarcerado por haver-se negado a vacinar-se. Enquanto estava no cárcere, teve visões, que escreveu e enviou para serem publicadas no órgão de nossa igreja na Alemanha, o Zionswaechter. ... O relato dessas visões continha declarações incríveis. Uma era a seguinte:

"'Na noite de 21 de Janeiro de 1915, vi os seguintes quadros em ordem consecutiva: Proclamei onde quer que estivesse que o fim de todas as coisas havia chegado... Então se me perguntou: "Quanto tempo pregarás estas palavras?" Vacilei em responder, mas uma voz clamou fortemente: "Até que as frutas de sementes (cerejas, ameixas, etc.) estejam em flor." É claro para todo homem pensante que uma terrível pestilência há de sobrevir, e naquele momento a separação (na igreja) se verificará e estaremos no fim do tempo da graça.'

"É coisa estranha que naqueles momentos várias outras pessoas, membros muito indolentes de igreja, também tivessem visões. Por certo que diferiam das mencionadas acima, mas uma coisa todas tinham em comum, a saber, que o florescer das cerejeiras e ameixeiras na próxima Primavera assinalaria o fim do tempo e da graça. Todas as visões tinham o mesmo estribilho, de que se encarregara aos pretensos profetas que proclamassem essas coisas aos dirigentes de nossa obra na Alemanha, e se eles rejeitassem a mensagem, significaria isso que haviam caído da graça e que os dirigentes de nossa igreja e as igrejas que os seguiam haviam chegado a constituir Babilônia. Anunciaram que os fiéis deviam sair de Babilônia e ser independentes. Nossos dirigentes mostraram que era incrível que o fim da graça estivesse tão próximo; estavam convencidos de que tínhamos ainda pela frente uma tarefa considerável, pois a mensagem não fora proclamada ainda em todo o mundo.

"Quando o tal Wieks, depois de sair do cárcere, desertou do exército,... descobriu que não queríamos publicar o relato de suas visões, de modo que ele mesmo as mandou imprimir, mandando um exemplar a cada pregador e igreja adventista da Alemanha.
Isto animou os outros 'profetas' a fazerem outro tanto, e dali por diante nossas igrejas foram inundadas pelas publicações desses homens e mulheres. Não tardaram em organizar-se, e declarando serem os verdadeiros adventistas do sétimo dia, tomaram nosso nome. Não só profetizaram a data do fim do tempo da graça, mas também fixaram datas para a segunda vinda de Cristo. Quando a Primavera chegou e passou, e com ela o tempo do florescimento das cerejeiras e ameixeiras a que tantas vezes se haviam referido, declararam que houvera alguma demora, e marcaram data ulterior, isto é, 15 de Abril. Ao passar esta data, enviaram às igrejas adventistas outra nota dizendo que a data seria 26 de Abril. Passando também essa data sem que nada ocorresse, estabeleceram o dia 1º de Maio, e logo cinco ou seis datas posteriores no mesmo mês, sem que ocorresse nada que justificasse suas profecias. Em todas as suas declarações, continuaram repetindo que nossos dirigentes haviam caído e que eles eram os verdadeiros portadores da mensagem. Mas durante todo esse tempo não disseram nada quanto ao serviço militar e ao porte de armas, nem que nossos dirigentes faziam mal ao consentir em que nossos irmãos conduzissem armas para servir a pátria...

"No Verão de 1915, mais ou menos um ano depois do princípio da guerra, tivemos dificuldades na Saxônia. As autoridades intentaram fechar nossas igrejas e pôr fim à nossa obra. Os dirigentes do trabalho, pastores L. R. Conradi, H. F. Schuberth e P. Drinhaus, assinaram e entregaram ao governo um memorando. Era o mesmo que o pastor Drinhaus havia entregue ao estalar a guerra, mas naquele tempo ninguém se inteirara de seu conteúdo. Agora o irmão Drinhaus chamou a atenção dos anciãos de nossas igrejas para o memorando, e então os pretensos profetas se apoderaram de alguns exemplares do mesmo e declararam: 'Agora temos em mãos provas de que os dirigentes caíram, porque este memorando não está de acordo com os ensinos dos adventistas do sétimo dia.'Deixaram de marcar datas para a breve vinda de Cristo, dedicando-se exclusivamente a discutir quanto àquele memorando, declarando entre nossas igrejas que excluíamos os irmãos que não partilhavam do ponto de vista expresso no dito documento. Na verdade, não excluímos nenhum membro por nutrir uma convicção diferente sobre a questão do serviço militar. Mas os 'reformadores' foram de igreja em igreja, procurando destruí-las... Distribuíram folhetos e livros às centenas de milhares, proclamando que éramos a Babilônia caída e que eles eram os encarregados de sair a organizar as verdadeiras igrejas adventistas do sétimo dia."

Esses irmãos "reformistas", em vez de proceder de acordo com os princípios de nossa organização, arrogaram-se a autoridade de enviar uma carta ao governo de seu país, com o timbre oficial da organização, alegando falar em nome da igreja inteira. Alguns representantes do governo apareceram imediatamente nos escritórios da direção de nossa obra, para perguntar se aquele documento representava a atitude oficial de nossa igreja. Tiveram que negar tal coisa, e explicar que os autores da carta não estavam autorizados a falar em nome da igreja inteira. Assim se pôde evitar que o governo fechasse nossa obra.

Os dissidentes formaram logo uma organização própria, chamando-se o Movimento de Reforma dos Adventistas do Sétimo Dia. À sua crítica à atitude dos dirigentes de nossa obra na Alemanha sobre o dever dos adventistas em tempo de guerra, acrescentaram outras quanto a sua atitude com referência aos escritos da irmã E. G. White e à reforma de higiene.

Assim ficaram as coisas até que a terminação das hostilidades tornou possível que todo o assunto fosse submetido à Mesa Administrativa da Associação Geral. Em 1920 uma numerosa comissão de oficiais do dito corpo se trasladou para a Alemanha, marcando-se a data para um importante congresso em Friedensau, para que se discutissem francamente as dificuldades surgidas. Nessa reunião se fez todo o possível por unir os dois grupos. Os dirigentes que haviam feito declarações com respeito à atitude adventista para com a guerra, que não estavam de acordo com as manifestações feitas a esse respeito pela Associação Geral, confessaram sua falta e expressaram seu sentimento por havê-las feito. Esperava-se que ante essa atitude cristã, os irmãos dissidentes se dariam por satisfeitos e volvessem ao seio da igreja. Mas não o quiseram fazer.

Ao assumir essa atitude intransigente para com a Associação Geral, esses homens cometeram um erro grave.

"Mostrou-se-me", diz a irmã White, "que homem algum deve renunciar a seu juízo pessoal perante o de qualquer indivíduo isolado. Mas quando exerce seu juízo a Associação Geral, que é a mais alta autoridade que Deus tem sobre a terra, a independência e juízo pessoais não devem ser sustentados, mas sim se deve renunciar a eles." — Testimonies, Vol. 3, pág. 492.

Dirigindo-se ao chefe dos dissidentes, um tal Spanknobel, o pastor A. G. Daniells, então presidente da Associação Geral, disse:

"Irmão, penso que se cresse nos 'Testemunhos' apenas a metade do que pretende crer, há
muito que haveria deixado de pertencer a essa oposição. Não creio que o irmão haja estudado o conselho que dá a irmã White acerca da unidade, como tão pouco quanto ao perigo e erro que existe na separação. ...Digo-lhe em nome do Senhor que não poderão ter êxito. Essa apostasia não é de Deus, e os senhores se reduzirão a nada."

Com efeito, esse movimento desapareceu quase por completo na Alemanha. Alguns de seus partidários foram a países onde era mais fácil manter suas teses e fazer sua propaganda. O mesmo dirigente, Spanknobel, foi à América do Norte e, como lhe advertira o irmão Daniells, não prosperou. A última notícia que tivemos dele é de que era dono de um comércio ilícito de venda de bebidas alcoólicas. Seu irmão, que partilhava das mesmas ideias, depois de estar por algum tempo nos Estados Unidos em sua companhia, voltou para a Alemanha e chegou a ser diretor de um notório campo de concentração em Dachau, Baviera. Enquanto isso, o movimento se dividiu em vinte e seis seitas distintas, e nenhum dos dirigentes originais dos "reformistas" está ligado a eles hoje.

Quase dois anos e meio após o congresso realizado em Friedensau, de 27 de Dezembro de 1922 a 2 de Janeiro de 1923, celebrou-se um concílio em Gland, Suíça, no qual se permitiu novamente aos irmãos dissidentes apresentarem suas críticas. Como resultado desse concílio parecia a princípio que o cisma houvesse terminado. Mas quando os "reformistas" comprovaram que o congresso não elegera os oficiais que eles queriam ver na direção da obra, retiraram-se. Naquele congresso adotou-se oficialmente uma Declaração de Princípios sobre a atitude dos adventistas com respeito à guerra.

Declaração de Princípios
(Publicada a 2 de Janeiro de 1923)

“A Mesa Administrativa da Divisão Europeia da Igreja dos Adventistas do Sétimo Dia, reunida em congresso em Gland, Suíça, depois de haver considerado cuidadosamente os assuntos da observância do sábado, do serviço militar, do porte de armas tanto em tempo de paz como em tempo de guerra, declara-se unanimemente em favor do ensino geral de seus irmãos da dita igreja em todo o mundo, expressa nas cláusulas seguintes:

"Reconhecemos que os governos terrestres são ordenados por Deus com o fim de assegurar a seus respectivos povos os privilégios da ordem, da justiça e tranquilidade; e que no exercício de suas legítimas funções tais governos devem receber o leal apoio de seus cidadãos".

"Afirmamos que é justo pagar aos governos terrestres os tributos, os impostos e a honra, tal como no-lo prescreve o Novo Testamento".

"Reverenciamos a lei de Deus contida no Decálogo, tal como a expôs Cristo em Seus ensinos e a exemplificou em Sua vida. Por esta razão observamos o sétimo dia da semana (sábado) como tempo sagrado; abstemo-nos do trabalho profano nesse dia, conquanto de bom grado nos ocupemos em trabalhos de necessidade e misericórdia dedicados ao alívio dos doentes e à elevação da humanidade; em tempo de paz, assim como em tempo de guerra, negamo-nos a participar de atos de violência e derramamento de sangue. Concedemos a todos os membros de nossa igreja absoluta liberdade de servir a sua pátria em todo tempo e em todo lugar, de acordo com o que lhe ditem suas convicções pessoais de consciência."

Em aditamento a essa declaração, os representantes das Uniões alemãs fizeram a seguinte retratação oficial:

"No concílio da Mesa Administrativa da Divisão Europeia, celebrado em Gland, Suíça, de 27 de Dezembro de 1922 a 2 de Janeiro de 1923, fez-se um exame de nossa atitude durante a guerra, tal como se expressou em vários documentos, e com esta declaração, referendada com nossas assinaturas, ratificamos a manifestação que já fizemos em Friedensau no ano de 1920, de nosso pezar por haver publicado aqueles documentos. Estamos em de plena harmonia com a Declaração de Princípios adotada pelo Concilio hoje, 2 de Janeiro de 1923.

(Assinado):
L. R. Conradi,
P. Drinhaus,
H. F. Schuberth,
G. W. Schuberth.

(Traduzido de "Review and Herald" de 6 de Março de 1924.)

A pesar dos repetidos esforços feitos para induzir esses irmãos dissidentes a voltarem ao seio da igreja, não o fizeram. A o contrário, dedicaram-se com mais afinco que nunca, a opôr-se a nossa obra, afirmando ser nossa igreja a Babilônia do Apocalipse.
Baseiam esta acusação nos argumentos seguintes:

1. Que durante a grande guerra de 1914-1918 nossos dirigentes não se mostraram fiéis aos princípios de nossa igreja sobre a participação na guerra, e sobre a observância do sábado. E afirmam que persistimos nesta atitude até ao dia de hoje, violando assim o sexto e o quarto mandamentos.

2. Que não seguimos os ensinamentos do espírito de profecia quanto à abstenção do uso da carne como alimento.

3. Que nos afastamos dos princípios bíblicos quanto à simplicidade no adorno pessoal.

4. Que não obedecemos à voz do Espírito de profecia.

O Dever do Adventista em Tempo de Guerra

1. Desde o seu primeiro ataque à nossa organização sobre este particular, os "reformistas" têm insistido na necessidade de adotar princípios que nunca foram adotados pelo povo adventista. A Declaração de Princípios feita em Gland a 2 de Janeiro de 1923 não é, como pretendem os reformistas, uma modificação de princípios mais rígidos que eram seguidos antes, feita para evitar dificuldades com o governo, mas sim uma expressão fiel dos princípios seguidos em tempo de guerra desde a primeira ocasião em que o povo adventista se viu a braços com este problema. Isto ocorreu pelos começos da história de nosso povo, quando estalou a guerra de Secessão nos Estados Unidos, em 1861. Com respeito à participação dos adventistas nessa guerra, disse a irmã E. G. White:

"Foi-me mostrado que o povo de Deus, que constitui Seu especial tesouro, não pode participar desta guerra aturdidora, porquanto ela se opõe a todo princípio de sua fé. No exército não poderão obedecer à verdade e ao mesmo tempo obedecer às ordens de seus oficiais. Haveria uma contínua violação da consciência. Os homens do mundo são governados por princípios mundanos. Não sabem apreciar outros. Princípios mundanos e opinião pública compreendem o princípio de ação que os governa, levando-os a praticar a forma exterior do bem proceder. Mas o povo de Deus não pode ser governado por esses motivos... Os que amam os mandamentos de Deus conformar-se-ão a toda boa lei do país. Mas se as exigências dos governantes são de molde a entrar em conflito com as leis de Deus a única questão a estabelecer é: Obedeceremos a Deus, ou aos homens?" — Test., Vol. 1, págs. 361 e 362.

Em outra parte do mesmo testemunho a irmã White descreve duas maneiras em que nossos irmãos responderam às indicações que se lhes haviam dado a respeito de sua ingerência na guerra.

a) Diz que alguns adventistas "em Iowa levaram as coisas ao extremo, incorrendo em fanatismo. Tomaram o zelo e fanatismo por conscienciosidade. Em vez de serem guiados pela razão e são juízo, permitiram que seus sentimentos os dirigissem. Estavam dispostos a se tornarem mártires de sua fé. Conduziu-os a Deus todo esse sentimento a maior humildade perante Ele? Induziu-os a confiarem em Seu poder para livrá-los da probante situação a que poderiam ser levados? Oh, não! Em vez de fazerem suas petições ao Deus do céu, e confiarem unicamente em Seu poder, fizeram petição a Legislatura, e foram indeferidos . Mostraram sua fraqueza, expondo sua falta de fé. Tudo isso só serviu para chamar atenção especial para aquela classe peculiar, os guardadores do sábado, e expô-los a serem colocados em lugares difíceis, por aqueles que não lhes tinham simpatia...

"Vi que aqueles que têm sido muito prontos para falar decididamente acerca de recusar-se a prestar serviço militar, não entendem o que estão falando. Se fossem chamados ao serviço militar e, recusando-se a obedecer, fossem ameaçados com prisão, tortura ou morte, haviam de recuar, percebendo então que não se haviam preparado para semelhante emergência. Não suportariam a prova de sua fé. O que pensavam ser fé, era tão somente fanática presunção." — Test., Vol. 1, págs. 356 e 357.

Parece-nos que estas palavras descrevem perfeitamente a atitude assumida pelos "reformistas", a qual a irmã White condena em linguagem clara e vigorosa.

"Devemos proceder com muita precaução. 'Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens.' Podemos obedecer a esta advertência, e não sacrificar um só princípio de nossa fé. Satanás e sua hoste estão em guerra com os observadores dos mandamentos, e trabalharão para os levar a situações difíceis. Não deveriam, por falta de discrição, colocar-se ali a si mesmos." — Test., Vol. 1, pág. 356.

"Vi que é nosso dever em todos os casos obedecer às leis de nosso país, a menos que elas estejam em conflito com a lei superior que Deus pronunciou com voz audível no Sinai, e depois com Seu próprio dedo gravou sobre pedra." — Id., pág. 361.

Os dirigentes de nossa obra na Alemanha, que atuaram durante a guerra de 1914-1918, confessaram depois que, em seu desejo de mostrar-se leais ao seu governo civil, haviam ido para além do permitido pela lei de Deus, e expressaram publicamente seu profundo arrependimento pelo erro cometido. Todos aceitaram como regra para a conduta futura de nossa obra a Declaração de Princípios publicada em Gland, Suíça, a 2 de Janeiro de 1923, a qual expressa os princípios estabelecidos anos antes pela irmã White.

2. Com respeito à acusação referente à nossa fidelidade aos princípios da reforma de higiene, nossa atitude não se alterou desde que estes princípios nos foram revelados. Se há diferença, consiste em que estamos muito melhor informados hoje, e melhor equipados para atender ao nosso dever neste sentido. Nossos numerosos sanatórios, clínicas e dispensários médicos, e nossos livros e revistas dedicados à promoção dessas verdades, são as melhores provas de nossa sinceridade neste particular. Que instituições
semelhantes mantêm os reformistas? Eles querem que expulsemos os membros da igreja
que não se conformem com nossos ensinos a respeito do vegetarianismo. Mas isto não está em harmonia com o ensinado pela irmã White, que diz:

"Não indicamos um regime preciso; afirmamos, porém, que nos países em que há abundância de frutas, cereais e nozes, não é a carne alimento apropriado para o povo de Deus. Fui instruída de que o alimento cárneo tem a tendência de animalizar a natureza, roubando aos homens e mulheres aquele amor e simpatia que deveriam sentir uns para os outros, e dando às paixões inferiores de nosso ser o domínio sobre suas faculdades mais elevadas. Se em algum tempo o comer carne já foi saudável, não é sem perigo hoje. Cânceres, tumores e doenças pulmonares são em grande parte causados pelo comer carne.

"Não devemos fazer do uso da carne uma prova de discipulado, mas devemos considerar a influência que têm sobre os outros os professos crentes que usam alimentos cárneos." — Test., Vol. 9, pág. 159.

Estes são os princípios reconhecidos por nossa igreja. E de acordo com estas instruções, não obedeceremos às exigências dos reformistas quanto a eliminar da igreja os irmãos que usem carne em sua alimentação. Ao mesmo tempo, devemos acentuar o princípio assentado pela irmã White e adotado pela igreja adventista em todo o mundo, isto é, que "nos países em que há abundância de frutas, cereais e nozes, não é a carne alimento apropriado para o povo de Deus".

3. Nossa igreja advoga hoje o mesmo que no passado, quanto à simplicidade no adorno pessoal, de acordo com os ensinos de I Tim. 2:9 e 10 e I S. Ped. 3:3 e 4. Que haja em nossas igrejas alguns indivíduos que não vivem à altura de nossa fé nesse respeito, não quer dizer que a igreja se tenha afastado desse princípio.

4. Quanto aos escritos da irmã White, nossa igreja os tem no mesmo conceito de sempre. Cremos que tudo que ela afirma ter escrito por inspiração de Deus, o que abrange todos os livros que têm sua autoria, além de outros escritos até agora inéditos, é efetivamente produto da inspiração do Espírito Santo. E esses livros circulam hoje mais amplamente do que nunca, entre nossos irmãos.

Por outro lado, cremos que "não se deve julgar nem disciplinar os que nunca viram a pessoa que tem visões e que não tiveram conhecimento pessoal da influência das visões. A esses não se deve privar dos benefícios e privilégios da igreja, se em outros sentidos seguirem um procedimento cristão correto, e formarem um bom caráter cristão." — Test., Vol. 1, pág. 328.

Palavras Finais
É evidente que, pelos breves dados apresentados, o movimento de que temos tratado constitui outro dos grupos, nascidos do fanatismo, e que desde o princípio se separou da igreja adventista do sétimo dia. Como os demais, está destinado a perecer, enquanto o povo de Deus seguirá adiante com a tarefa de que Cristo os incumbiu, a saber, a de pregar este evangelho do reino em todo o mundo, em testemunho a todas as gentes.

Que nossa igreja já tenha chegado a ser perfeita, imaculada, não o pretendemos. Pois se aquele grande apóstolo de nosso Senhor, que dedicou toda a vida após a conversão à proclamação deste mesmo evangelho do reino, teve que dizer: " Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; porém uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, ao prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus" — quanto mais nós outros!

A igreja adventista do sétimo dia é a mesma à qual pertencia a irmã White e seu nobre esposo, José Bates, J. N . Andrews, Urias Smith e muitos outros promotores de nossa mensagem primitiva. De um começo bem pequeno cresceu até se espalhar por todo o mundo.

É o "remanescente" da semente da mulher (ou da igreja de Deus na terra) , contra o qual se havia de irar Satanás (Apoc. 12:17), e que devia guardar os mandamentos de Deus e ter o testemunho de Jesus, ou seja, o espírito de profecia. (Apoc. 19:10.) A profecia da
manifestação do espírito de profecia cumpriu-se no caso da Sra. E. G. White. Por outro lado, os reformistas não podem ser esse "remanescente", porquanto seus supostos profetas se têm demonstrado profetas falsos. Pois a palavra de Deus afirma que, "quando o tal profeta falar em nome do Senhor, e tal palavra se não cumprir, nem suceder assim; esta é palavra que o Senhor não falou." Deut. 18:22.

O movimento adventista tem cumprido até agora o predito na Palavra de Deus com respeito a sua evolução, e há de chegar em breve a seu glorioso ponto culminante, na vitória dos 144.000. Esta igreja não tem tido que modificar nem abandonar os grandes princípios que motivaram sua origem. Tem, sim, que crescer no conhecimento e na experiência da graça de Deus. Tem que prosseguir para o alvo. Mas há de alcançar esse alvo. Há de constituir finalmente as "primícias para Deus e para o Cordeiro".

A uma pessoa que, anos antes do movimento reformista de 1915, mantinha que nossa igreja era Babilônia, a irmã E. G. White disse:
"Meu irmão, eu soube que está crendo que a igreja adventista do sétimo dia seja Babilônia, e que todos os que se quiserem salvar deverão sair dela. Não é o irmão o único que o diabo já enganou nesta questão." — Test. to Minsters, pág. 58.

E em outra ocasião disse ela: "Quando se levanta alguém, de nosso meio ou fora de nós, tendo a preocupação de proclamar uma mensagem que declare que o povo de Deus pertence ao número dos de Babilônia, e que pretenda que o alto clamar seja um chamado para sair dela, podereis saber que esse tal não é portador da mensagem de verdade... Deus não falou por ele, nem lhe confiou uma mensagem."— Idem, pág. 41.

"Pretender que a igreja adventista do sétimo dia seja Babilônia, é fazer a mesma declaração que faz Satanás." — Idem, pág. 42.

Deixou-nos ela, ainda, estas mensagens reconfortantes:

"O Deus de Israel continua guiando Seu povo, e com ele continuará até o fim." — Palavras pronunciadas pela Sra. White no congresso da Associação Geral, celebrado em 1913, citadas em Life Sketches. págs. 437 e 438.

"A obra de Deus se tornará mais eficiente e mais forte com o decorrer do tempo." — Life Sketches, pág. 438.

(Nota da Redacção: Algumas dessas citações encontram-se também no folheto "A Igreja Remanescente não é Babilónia", que recomendamos aos leitores, juntamente com o outro: "Reformadores ou Demolidores?" Estes folhetos podem ser encomendados das Sociedades de Publicações.)

Fonte: Revista Adventista de 1950 agosto/setembro/outubro


2 comentários:

  1. "Reformadores ou Demolidores?" Tu tens esse folheto em pdf ou aqui no Blog?

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