Erros Teológicos dos "Reformistas" II: A doutrina da Expiação

Considerações Sobre a Doutrina da Expiação
Ensinos da Reforma de 1919: sobre o Sacrifício de Cristo na Cruz

Por: Dr. Oséas Florêncio de Moura

Quando ainda era presidente da Conferência Geral da reforma de 1914, o Sr. D. Nicolici, em publicação oficial de sua igreja, declarou:


"Em nosso estudo do serviço do santuário típico, encontramos que a expiação era obra inteiramente do sacerdote, mas no Calvário Cristo não foi o sacerdote, e sim a vítima, pelo que Ele não poderia fazer a expiação ali"...

"O sacrifício de Cristo foi completo e eficaz a bem dos pecados do mundo inteiro, mas a expiação não se poderia fazer antes que chegasse o tempo próprio para isto, e tal tempo foi quando findaram os 2.300 dias" — Leituras Para a Semana de Oração, Movimento de Reforma, 1958, pág. 31.

Duas foram as conclusões absurdas a que chegou o Sr. D. Nicolici quanto ao sacrifício que Cristo efetuou no madeiro, conforme se vê:

1 — Cristo não foi sacerdote no Calvário.
2 — Cristo não fez expiação na cruz.

Realmente a expiação era obra inteiramente do sacerdote segundo o serviço do santuário típico, mas o Sr. D. Nicolici foi muito infeliz no seu estudo sobre o assunto, deixando de enxergar a fase do sacerdócio de Cristo cumprida na cruz ao morrer Ele pela raça caída e, por conseguinte, a expiação efetuada ali. Deixando de entender bem este assunto, o Sr. D. Nicolici manifesta uma ideia muito limitada acerca do ministério sacerdotal de Cristo.

As Bases Para as Suas Conclusões

As conclusões tiradas pelo Sr. D. Nicolici em seu estudo do serviço do santuário típico não se harmonizam com os escritos da Sra. White, a qual, mediante tanta revelação do Céu sobre o assunto em apreço, declarou repetidas vezes, desde o ano de 1877, que Jesus foi sacerdote no Calvário e fez uma perfeita expiação neste lugar.

Devem ter-se originado noutras fontes as conclusões do supracitado reformista e não no estudo do serviço do santuário típico. As suas conclusões parecem antes ter-se inspirado nos escritos que seguem, os quais sempre são citados pela reforma de 1914 em apoio de suas errôneas asserções:

A — Um artigo da autoria de O. R. L. Crosier, de título "A Lei de Moisés" publicado no Day-Star Extra de 7 de fevereiro de 1846 e reproduzido em The Advent Review no ano de 1850, onde entre outras coisas ele declarou:

"1. Portanto, no Calvário não houve expiação, mas apenas o sacrifício do Cordeiro de Deus"...

"3. Cristo fora designado Sumo Sacerdote para fazer a expiação, e certamente Ele só a poderia ter feito após Sua ressurreição e não temos notícia de que tenha, após a ressurreição, feito na Terra algo que pudesse ser denominado de expiação"...

"6. Portanto, Ele não iniciou a obra da expiação propriamente dita, senão somente depois de Sua ascensão, quando então por Seu próprio sangue entrou, por nós, no santuário celeste".

B — Uma "declaração" que apareceu no ano de 1872 e foi reimpressa uma só vez em The Signs of the Times ( 1º número) de 1874, tendo sido, desde então, relegada ao esquecimento pelos adventistas do sétimo dia:

"Que há um Senhor Jesus Cristo, Filho do Eterno Pai, por meio de quem Deus criou todas as coisas, e por meio de quem elas subsistem; que Ele tomou a natureza da descendência de Abraão, para redenção da raça caída; que habitou entre os homens, cheio de graça e verdade, viveu como nosso exemplo, morreu como nosso sacrifício, e ressurgiu para nossa justificação, ascendeu ao alto para ser nosso Mediador no santuário celestial, onde, com Seu próprio sangue, faz expiação de nossos pecados; expiação essa que, longe de ter sido feita na cruz, que foi apenas a oferta do sacrifício, é a derradeira porção de Sua obra como Sacerdote, de acordo com o exemplo do sacerdócio levítico, que tipificava e prefigurava o ministério de nosso Senhor no Céu. Ver Lev. 16; Heb. 8:4 e 5; 9:6 e 7; etc".


Comentemos um pouco sobre cada um destes dois escritos — o artigo de Crosier publicado no Day-Star Extra de 7 de fevereiro de 1846 e a "declaração" aparecida em 1872 — que teriam servido de base ao Sr. D. Nicolici, para negar um sacerdócio e, consequentemente, uma expiação realizados ao mesmo tempo, por Cristo, na cruz.

O Artigo de Crosier Publicado no Day-Star Extra de 7 de Fevereiro de 1846

Uma classe numerosa de adventistas que havia esperado a vinda de Cristo à Terra, no dia 22 de outubro de 1844, ficara amargamente decepcionada a ponto de renunciar à fé, enquanto outra classe, não obstante o desapontamento experimentado, procurou reter os raios de luz anteriormente recebidos do Céu, e continuou a examinar, paciente e perseverantemente, as Escrituras, a fim de obter mais clara luz, que explicasse o ponto da profecia em que se havia enganado, resultando na decepção.

Já no dia seguinte ao do desapontamento, portanto no dia 23 de outubro de 1844, Hirão Edson manifestara a sua convicção de que o santuário referido em Dan. 8:14 era o santuário celeste e não a Terra, e que o acontecimento a se verificar na data em apreço era a entrada de Jesus no lugar santíssimo do supracitado santuário, a fim de realizar ali uma obra especial antes de vir à Terra. Eis a sua declaração neste particular:

"Vi distinta e claramente que em vez de nosso Sumo Sacerdote sair do santíssimo do santuário celeste para a Terra no décimo dia do sétimo mês, Ele, pela primeira vez, entrou naquele dia no segundo compartimento daquele santuário, e que Ele tinha uma obra a realizar no santíssimo antes de vir à Terra." — Review and Herald, de 23 de junho de 1921.

Em meados de fevereiro de 1845, à Sra. White foi dada uma visão sobre o ministério de Cristo no santuário celestial, conforme a seguinte declaração:

"Vi o Pai erguer-Se do trono e, num carro chamejante, entrar no santo dos santos, para dentro do véu, e sentar-se... Vi um carro como de nuvens com rodas como fogo. Anjos se achavam em torno do carro ao Ele chegar onde estava Jesus; Ele entrou nele e foi levado ao santíssimo, onde estava o Pai sentado. Contemplei então a Jesus, enquanto Ele estava perante o Pai, um grande sumo sacerdote."— Early Writings, pág. 55.

Nesta visão foi mostrada à Sra. White a passagem de Cristo, em 1844, do lugar santo para o lugar santíssimo do santuário celestial, e a Sua posição, diante do Pai, como sumo sacerdote.

Um ano depois de concedida à Sra. White esta visão, O. R. L. Crosier publicou o seu artigo de título "A Lei de Moisés", que apareceu no Day-Star Extra de 7 de fevereiro de 1846, fazendo referência ao sacrifício de Cristo no Calvário, ao assunto do santuário em relação com os 2.300 dias, ou seja, a purificação do santuário, etc.

Mais tarde, ao referir o artigo de Crosier aparecido nesta publicação, e reproduzido em The Advent Review no ano de 1850, a Sra. White afirmou que lhe fora mostrado que este escritor possuía a verdadeira luz quanto à "purificação do santuário", tendo recomendado, por autorização divina, a leitura do seu artigo a cada santo:

"O Senhor mostrou-me em visão há mais de um ano, que o irmão Crosier tinha a verdadeira luz quanto à purificação do santuário, etc, e que era Sua vontade que o irmão C. escrevesse o ponto de vista que ele nos deu no Day-Star Extra, a 7 de fevereiro de 1846. Sinto-me plenamente autorizada pelo Senhor a recomendar esse Extra a todo santo." — Carta a Eli Curtis, 24 de abril de 1847.

Da maneira aqui descrita, foi que chegou aos crentes desapontados a luz sobre a doutrina do santuário, que inicialmente proveio do estudo da Palavra de Deus e teve a seguir a sua confirmação do Espírito de Profecia.

A declaração feita por Hirão Edson no dia 23 de outubro de 1844, a visão da Sra. White no dia 15 de fevereiro de 1845 e o artigo de Crosier (o seu ponto de vista quanto à "purificação do santuário") publicado em 7 de fevereiro de 1846, foram de molde a explicar aos crentes dispersos o seu desapontamento.

Fora, então, explicado o erro cometido na interpretação das Escrituras, e a classe composta de sinceros e humildes filhos de Deus não foi deixada em trevas com respeito ao assunto em lide, o que se pode observar através da seguinte revelação:

"Entrando eles pela fé no lugar santíssimo, encontram a Jesus, e a esperança e alegria brotam de novo. Vi-os olhar para trás, revendo o passado, desde a proclamação do segundo advento de Jesus através de sua experiência, até a passagem do tempo em 1844. Veem eles seu desapontamento explicado, e a alegria e a certeza de novo os animam... e eles sabem que na verdade Deus os tem guiado por sua misteriosa providência." — Test. Seletos, Vol. 2, págs. 211 e 212.

Alguns dos componentes desta classe tornaram-se pessoas de eminência na causa da Igreja Adventista do Sétimo Dia nos seus primeiros anos.

Crosier havia sido um tanto complexo na exposição e desenvolvimento do seu artigo. Através do mesmo, ele procurou dissertar não somente sobre o santuário em relação com os 2.300 dias, que era o assunto de molde a explicar a decepção do povo de Deus em 1844, mas, também, expor a sua opinião sobre a obra efetuada por Cristo na cruz do Calvário, tendo limitado a obra da expiação ao ministério sacerdotal de Cristo no santuário celestial.

Este escritor não podia ver a fase do sacerdócio de Cristo cumprida na cruz nem a expiação realizada pelo Filho de Deus neste lugar, na mesma ocasião, tendo admitido apenas, no seu artigo, a execução de Cristo, no madeiro, pelos judeus e soldados romanos.

Outros escritores apareceram e apresentaram o mesmo pensamento de Crosier, cujo ponto de vista, sobre o sacrifício de Cristo na cruz, copiaram.

Crosier estava certo no que diz respeito ao assunto do santuário em relação com os 2.300 dias, deixando de manifestar-se corretamente quanto ao significado do sacrifício no Calvário. Isto é o que se verificará ao se comparar as ideias expostas por Crosier, sobre este último assunto, no seu artigo e os escritos do Espírito de Profecia.

O ponto do artigo de Crosier, que tivera do Espírito de Profecia especial aprovação, foi o que diz respeito ao acontecimento que deveria ocorrer quando terminassem os 2.300 dias, isto é, "a purificação do santuário", pois era o ponto de interesse, que estava em foco, na ocasião.

O Espírito de Profecia, portanto, de modo especial endossou o ponto do artigo de Crosier que estava em harmonia com o assunto do santuário em relação com os 2.300 dias.

Mas a referência da Sra. White ao artigo de Crosier de modo nenhum visou atingir ou incluir as ideias por ele emitidas sobre o sacrifício de Cristo no madeiro. Acerca deste último assunto aqui mencionado, a Sra. White muita luz posteriormente recebera, a qual de modo nenhum se harmoniza com o ponto de vista exposto no artigo do velho escritor.

A Declaração Aparecida no Ano de 1872 e Reimpressa uma só Vez no Ano de 1874

Esta declaração publicada há 88 anos atrás, parece ter sido formulada pelos seus autores, em caráter de emergência, para satisfazer a alguma circunstância qualquer do momento, deixando a mesma, como tal, de expressar, em alguma minúcia, a verdade tal como fora demonstrada, posteriormente, pela revelação do Espírito de Profecia.

Nesta declaração também fora exposta a mesma opinião que apresentara Crosier ao referir, no seu artigo, o sacrifício de Cristo.

O conceito manifestado nesta declaração bem como no artigo de Crosier, foi o de que Cristo não exerceu no Calvário nenhuma obra sacerdotal nem efetuou qualquer obra neste lugar que se pudesse chamar de expiação.

O que se encontra sobre o sacrifício de Cristo na declaração aparecida pela última vez em 1874 foi inspirado ainda na opinião manifestada por Crosier no Day-Star Extra de 7 de fevereiro de 1846.

Mas tal declaração, longe de ter sido oficialmente adotada pela Igreja Adventista do Sétimo Dia, deixou de ser invocada pelo fiel povo de Deus desde o ano de 1874, que foi a data de sua única reimpressão.

O que nela se continha sobre o sacrifício de Cristo na cruz, representava toda a luz que, sobre o assunto, havia até então.

Somente em 1931, porém, foi que a denominação dos adventistas adotou, em caráter oficial, uma "Declaração de Crenças Fundamentais", a qual foi introduzida pela Conferência Geral no Manual da Igreja.

Fato interessante é que os nossos oponentes — no caso, a reforma de 1914 — numa tentativa de desencaminhar o povo de Deus, comemoram a declaração há muitos anos parcialmente superada pela revelação do Espírito de Profecia, deixando de citar entre outros parágrafos o primeiro, no qual os seus autores demonstraram, de maneira clara, que a mesma não se tratava de qualquer lançamento oficial da igreja.

Os nossos acusadores omitem, pois, o parágrafo no qual se lê o seguinte:

"Não publicamos isto como tendo qualquer autoridade em relação ao nosso povo".

Estas palavras são muito esclarecedoras, e mostram que aqueles que as redigiram não pretendiam considerar como oficial semelhante declaração.

Interpretando e Aplicando Mal os Testemunhos da Irmã White

Por meio de sua perniciosa literatura a circular através de alguns países do mundo, com a finalidade de alcançar com seus enganos os incautos, a reforma de 1914 tem procurado aplicar contra a Igreja Adventista do Sétimo Dia o seguinte Testemunho da Sra. White, publicado há muitos anos atrás, numa revista oficial da nossa denominação, ao profetizar ela sobre a apostasia de algumas pessoas, através da negação da doutrina do santuário estabelecida no início de nossa mensagem, pelo estudo da Bíblia e a confirmação da revelação:

"No futuro, surgirão enganos de toda espécie e necessitamos de base sólida para nossos pés. Necessitamos de pilares sólidos para o edifício. Nenhum prego deve ser removido daquilo que o Senhor estabeleceu. O inimigo introduzirá falsas teorias, tais como a doutrina de que não há santuário. Este é um dos pontos em que haverá apostasia da fé. Onde encontraremos segurança a não ser nas verdades que o Senhor tem dado durante os últimos 50 anos?" — Review and Herald, de 25 de maio de 1905.

Esta declaração da Sra. White tem sido alegada pelos dirigentes da reforma de 1914 como sendo uma profecia que está se cumprindo atualmente na Igreja Adventista do Sétimo Dia.

Segundo estes dirigentes reformistas, os adventistas do sétimo dia rejeitaram recentemente a doutrina do santuário, sobre a qual o Espírito de Deus colocou a Sua aprovação.

Acusação como esta foi assim expressa por escritores de responsabilidade da reforma de 1914:

"Os irmãos aceitaram como luz direta do Céu a revelação dada por meio da irmã White sobre o assunto do santuário"...

"... os adventistas do sétimo dia, virtualmente repudiaram este ensino original..." — Estudos da Escola Sabatina, Movimento de Reforma, I Trimestre de 1960, págs. 5 e 6.


Convém dizermos que a igreja dos adventistas ainda mantém a doutrina do santuário tal como foi estabelecida por Deus. Confundindo a doutrina do santuário estabelecida nos primórdios da mensagem do terceiro anjo com a opinião incorreta de Crosier e outros escritores sobre o sacrifício de Cristo no Calvário, foi que a reforma de 1914 levantou contra a Igreja Adventista do Sétimo Dia esta e outras acusações.

Mas preza muito pouco sua reputação qualquer pessoa ou grupo de pessoas que faz contra a referida igreja uma tão errônea aplicação, como a que tem sido feita pelos reformistas, do Testemunho por eles mencionado.

Nunca houve um tempo em que o assunto do santuário fora tão bem considerado, estudado e compreendido pelo povo adventista como agora. E isto em atenção aos conselhos do Espírito de Profecia.

O livro Conflito dos Séculos, que o descreve com tanta clareza, tem tido a sua maior circulação nestes últimos anos, e grande tem sido o número de conversões observado como resultado de sua difusão.

Como continuariam dando os adventistas do sétimo dia publicidade a um livro como este, que contém uma doutrina a que teriam negado?

Particularmente na igreja tem este assunto sido estudado.

Aqueles que acompanham Meditações Matinais devem se recordar de que todas as leituras do mês de julho de 1959 foram dedicadas ao assunto do santuário em quase todas se não em todas as suas minúcias. Algumas leituras do mês de abril também foram dedicadas a este assunto.

É portanto gratuita a supracitada acusação em conexão com a profecia contida no testemunho da Sra. White mencionado pelos reformistas.

A própria autora do testemunho foi muito explícita com relação a este assunto. Através de várias declarações feitas num breve período de anos, naquele tempo, ela tornou clara a maneira pela qual poderia se cumprir a sua predição. E isto é o que poderemos examinar em seguida, apresentando algo do que a impeliu a fazer tais declarações.

De 1897 a 1903 o Dr. J. H. Kellogg, que foi um influente médico da causa adventista no tempo dos pioneiros, procurou introduzir na igreja ideias panteístas, que definiam Deus como sendo uma "misteriosa essência", confundindo a personalidade divina com o Seu poder em a Natureza.

Este doutor apresentou este seu ponto de vista errôneo na Conferência Geral de 1897, conforme a seguinte afirmação relatada em órgão informativo:

"A gravitação age instantaneamente através de todo o espaço. Por esta misteriosa força de gravitação todo o universo é mantido num laço de unidade... Temos aqui a evidência de uma presença universal, uma presença inteligente, uma presença toda sábia, uma presença toda poder, uma presença por meio da qual cada átomo do universo é mantido em contato com todo outro átomo. Esta força que mantém unidas todas as coisas, que está presente em todo o lugar, que vibra através de todo o universo, que age instantaneamente através do ilimitado espaço, nada mais pode ser que o próprio Deus. Que pensamento maravilhoso este, que o mesmo Deus está em nós e em cada coisa!" — General Conference Bulletin, de 12 de fevereiro de 1897.

Segundo esta teoria apresentada pelo Dr. Kellogg, ninguém devia se dirigir ao trono celestial para buscar a Deus, mas procurá-Lo no seu próprio coração.

A doutrina exposta pelo Dr. Kellogg envolvia entre outros assuntos a questão do santuário, que constitui um marco de nossa fé, visando degradar, através da mesma, o plano divino para a salvação do homem, pela introdução de fantasiosas suposições que só podiam se adaptar à mente carnal.

Tal teoria, que é uma modalidade de doutrina espiritista, chegou mesmo a ser ensinada em algumas de nossas instituições na América, tendo sido defendida por alguns de nossos ministros naquele país.

Em 1903 o Dr. Kellogg publicou um livro intitulado The Living Temple, cuja tradução é O Templo Vivo, e no qual ele expôs o perigoso ponto de vista que estava desejando implantar.

Deste livro, que foi preparado numa editora estranha à nossa obra, citamos a seguinte afirmação, na qual fora inserido o seu perigoso ensino:

"Suponhamos que temos agora diante de nós uma bota, não uma bota comum, mas uma bota viva, e ao olharmos para ela vemos pequenas botas saindo em multidão pelas costuras, pelo bico, pingando dos calcanhares e saltando pela boca — vintenas, centenas, milhares de botas, um enxame de botas continuamente emanando de nossa bota viva — não seríamos compelidos a dizer: 'Existe um sapateiro na bota'? Assim, está presente na árvore um poder que a cria e mantém, um fabricante de árvores na árvore." — J. H. Kellogg, The Living Temple, pág. 92, Battle Creek, Michigão: Good Health Publishing Company, 1903.

A repreensão do Senhor se fez notar contra os perigosos erros emitidos pelo Dr. Kellogg neste livro. Seguem algumas das mensagens e apelos da Sra. White dirigidos ao presidente da Conferência Geral na ocasião em que foi publicado este livro, prevenindo-o contra o conceito errôneo sobre a personalidade de Deus apresentado no mesmo:

"Tenha cuidado ao sustentar as ideias desse livro no que respeita à personalidade de Deus. Segundo me foi o assunto apresentado pelo Senhor, essas opiniões não têm a aprovação de Deus. São uma armadilha preparada pelo inimigo para estes últimos dias..." — Letter 211, 1903. 


"Depois de haver tomado sua posição, firme, sábia e cautelosamente, não faça sequer uma concessão sobre nenhum ponto concernente ao que Deus tem claramente falado..." — Letter 216, 1903.

Estas mensagens da Sra. White foram lidas perante os obreiros líderes presentes no Concilio realizado de 7-21 de outubro de 1903 em Washington.

O pastor Daniells escrevera à Sra. White, contando-lhe da grande bênção que foi concedida ao povo de Deus como consequência da mensagem divina por ela comunicada e a seguir, lida no referido concilio. O que segue constitui um fragmento da carta deste servo de Deus, escrita à Sra. White:

"Jamais foram as mensagens de Deus tão necessárias como neste tempo... Elas têm sido exatamente o que necessitamos e têm vindo no tempo exato, dia a dia, ao nosso concilio. A irmã não pode saber, a menos que o próprio Senhor lhe leve ao conhecimento, que grande bênção foi para nós sua comunicação referente ao The Living Temple. Veio exatamente no tempo preciso. O conflito foi severo e não sabíamos como as coisas poderiam mudar. Mas, sua bela mensagem, clara e incisiva, veio e definiu a controvérsia...." — A.G. Daniells, numa carta à Sra. White, em 20 de outubro de 1903.

Não obstante o livramento observado como consequência da atenção dada às mensagens do Espírito de Profecia no Concilio de obreiros de 1903, a influência dos ensinos panteístas do Dr. Kellogg continuou a se verificar entre alguns do nosso povo, de modo que no ano que se seguiu ao da publicação do seu livro, a Sra. White escreveu o seguinte testemunho:

"Já se estão infiltrando entre nosso povo ensinos espiritualistas, que solaparão a fé dos que lhes derem ouvido. A teoria de que Deus é uma essência que penetra toda a Natureza, é um dos mais subtis artifícios de Satanás. Representa falsamente a Deus e é uma desonra para Sua grandeza e majestade."

"As teorias panteístas não são sustentadas pela Palavra de Deus... A separação de Deus é o resultado de sua aceitação"...

"Estas teorias, seguidas até sua conclusão lógica, derribam toda a dispensação cristã. Removem a necessidade da expiação e fazem do homem o seu próprio salvador"...

"Os que continuarem a manter essas teorias espíritas hão de, sem dúvida, deitar a perder sua experiência cristã, cortar a ligação com Deus e perder a vida eterna." — Test. Seletos. Edição Mundial, Vol. 3, págs. 269 e 270 (1904).

É sabido que alguns dos que se desviaram através desta suposição permaneceram no erro e se perderam, e o próprio Dr. Kellogg, que se valeu de toda oportunidade e circunstância para implantar sutilmente o seu erro, não aceitou o testemunho enviado para ele (Ver Testimonies, Vol. 8, págs. 255-335), tendo-se perdido por fim sem acreditar na existência de um Deus pessoal. Todos estes se perderam negando, através de tais ensinos, a doutrina do santuário.

Em ligação com este mesmo assunto — teoria panteísta aqui estudada — foi que no ano de 1905 a Sra. White escreveu na Review and Herald o testemunho inicialmente citado, o qual foi falsamente aplicado pela reforma de 1914 contra a Igreja Adventista do Sétimo Dia.

No mesmo ano aqui mencionado — 1905 — em que foi feita a declaração profética erroneamente interpretada pela reforma de 1914, a Sra. White escreveu um testemunho especial no qual ela prestou semelhantes esclarecimentos sobre a questão.

Vejamos o que declarou ela neste testemunho:

"Acerca-se o tempo em que os poderes enganadores das forças satânicas serão fortemente desdobradas. De um lado está Cristo, a quem foi dado todo o poder no Céu e na Terra. Do outro, está Satanás, exercendo continuamente seu poder de seduzir, de enganar com fortes sofismas espiritualistas, de tirar a Deus do lugar que deve ocupar na mente dos homens."

"Satanás está lutando continuamente para sugerir suposições fantasiosas no tocante ao santuário, aviltando as maravilhosas exposições de Deus e do ministério de Cristo para a nossa salvação, a qualquer coisa que se a juste à mente carnal. Tira do coração dos crentes o poder que ali domina e substitui-o por teorias fantasiosas, inventadas para anular as verdades da expiação e para destruir-nos a confiança nas doutrinas que consideramos sagradas desde que pela primeira vez foi dada a tríplice mensagem". — Special Testimonies, Série B, n°. 7, 1905, pág. 17.


As palavras contidas neste testemunho como as que foram notadas no testemunho anterior (escrito em 1904), são de molde a elucidar definitivamente o motivo que levou a Sra. White a fazer a sua predição tão mal interpretada pela reforma de 1914.

Era através de "fortes sofismas espiritualistas", como a teoria de que Deus é uma "misteriosa essência", que haveria de se operar semelhante forma de engano com relação à doutrina do santuário.

A Sra. White mostrou que Satanás procuraria, através de tais teorias panteístas ou espiritualistas, tirar do coração dos crentes a verdade da obra redentora de Cristo pela maneira divinamente indicada, substituindo-a por meras suposições humanas, que não têm fundamento no Espírito de Profecia nem na Palavra de Deus.

Aí chamou ela a atenção do povo de Deus para o esforço que seria exercido por Satanás para destruir a nossa confiança especialmente na doutrina do santuário, estabelecida no princípio, quando foi dada a mensagem do terceiro anjo.

Que preciosíssimos raios de luz são os que se encontram nestes testemunhos com referência a tão importante questão!

Continua sendo doutrina dos adventistas o ministério de Cristo no santuário celeste em favor de nossa salvação. Nada se encontra presentemente nos seus escritos que ponha por terra esta maravilhosa doutrina estabelecida no início de nossa mensagem, e que justifique as acusações feitas nestes três últimos anos, contra a igreja de Deus, por esta triste e falsa reforma.

Passaremos a citar outra declaração da Sra. White sobre o assunto do santuário, a qual é bastante esclarecedora no sentido de afastar a ideia espalhada pela reforma de 1914 de que a Igreja Adventista do Sétimo Dia tenha negado a doutrina do santuário:

"À medida que foram apresentados os grandes pilares de nossa fé, o Espírito Santo deu testemunho deles, e isto é especialmente certo quanto às verdades do santuário. Repetidamente tem o Espírito Santo, de maneira notável endossado a pregação desta doutrina. Hoje em dia. porém, como no passado, alguns serão induzidos a criar novas teorias e negar as verdades sobre as quais o Espírito Santo tem colocado Sua aprovação". — Manuscript 125, 1907.

Esta declaração completa as nossas considerações, mostrando que não tem havido apostasia da fé pela igreja Adventista do Sétimo Dia, através destes últimos anos, no que diz respeito à doutrina do santuário.

Ela foi clara em mostrar que a apostasia aí referida não passa de um apartamento individual da fé, pelo negar desta doutrina, fato que já se observava nos dias dos pioneiros. Uma apostasia deste tipo, isto é, de natureza individual, com relação à doutrina do santuário, também pode ocorrer nos dias atuais, mas isto não quer dizer que se trata de uma apostasia da igreja. Foi isto o que a Sra. White pretendeu referir ao fazer as declarações de 1904, 1905 e 1907 examinadas aqui.

É interessante notar na última declaração do Espírito de Profecia citada, que é uma classe pequena, composta, portanto de algumas pessoas, que é atingida por esta espécie de apostasia.

Aqui está um ponto para o qual será conveniente chamar a atenção.

A acusação reformista cai plenamente por terra ao alegar uma apostasia da igreja neste assunto, quando o Espírito de Profecia apenas o admite para "alguns". Ou será que a palavra "alguns", referida nesse texto, corresponde a mais de um milhão de crentes da Igreja Adventista? Isto não pode ser assim compreendido por pessoas de mente equilibrada a não ser que desejem torcer a verdade e o direito.

Como se poderá harmonizar a acusação reformista em lide com o Testemunho da Sra. White acima citado, se há mais de um milhão de adventistas que abraçam como verdade a doutrina de que Cristo foi sacerdote e vítima ao mesmo tempo no madeiro, tendo efetuado uma expiação perfeita neste lugar?

Até o fim destas considerações verificar-se-á que a questão suscitada pela reforma de 1914, em torno do assunto do santuário, não passa de mera exploração.

Ausência de Infalibilidade nas Ideias dos Pioneiros

Ao escrever sobre o valor e importância do livro Daniel e Apocalipse, da autoria de Urias Smith, a Sra. White declarou o seguinte:

"Considero que esse livro deve circular em toda parte. Ele tem seu lugar e fará uma boa e grandiosa obra." — Carta 25 a, 1889.

Uns 10 anos depois foi feita pela Sra. White, acerca deste mesmo livro, esta outra declaração:

"Especialmente o livro Daniel e Apocalipse deve ser levado ao povo como o livro próprio para este tempo. Contém a mensagem que todos necessitam ler e entender. Traduzido em muitas línguas, será um poder a iluminar o mundo... O Senhor me mostrou que este livro realizará uma boa obra em iluminar os que se tornarem interessados na verdade para este tempo. Os que abraçam a verdade agora, que não partilharam as experiências dos que participaram da obra nos primórdios da história da mensagem, devem estudar as instruções apresentadas em Daniel e Apocalipse, familiarizando-se com a verdade que ele apresenta"...

"O interesse em Daniel e Apocalipse deve continuar enquanto durar o tempo da graça. Deus usou o autor deste livro como um conduto por meio do qual comunicará luz para dirigir as mentes para a verdade. Não devemos apreciar esta luz, que nos aponta a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, nosso Rei?" — Manuscript 174, 1899.

Noutro lugar (Ver O Colportor Evangelista, págs. 123 e 124) ela afirmou que, segundo a instrução que recebera do Céu, o livro então mencionado deveria circular amplamente, porquanto o mesmo tinha a mensagem de que o povo necessitava.

Embora tenham sido feitas tais declarações em favor do livro de Urias Smith citado, a Sra. White nunca considerou como infalíveis os seus escritos.

A propósito de uma pergunta feita sobre o ponto se os escritos de Urias Smith e outros pioneiros eram inspirados ou não, e se o que eles haviam publicado e tido como verdade não dispensava os outros de investigar sobre os mesmos assuntos a que se tinham dedicado, a Sra. White fez ver que, não obstante haverem sido guiados por Deus ao prepararem os seus trabalhos, haveria o risco de terem eles inserido as suas próprias ideias na obra que tinham estado a fazer.

O que segue é a pergunta sobre o assunto dirigida à Sra. White, acompanhada de sua resposta, conforme foi registrado numa publicação da época em que o fato se deu:

" 'Irmã White, a senhora acha que temos que entender a verdade por nós mesmos? Por que não podemos tomar as verdades que outros reuniram, e crer nelas porquanto eles investigaram os assuntos, e então estaremos livres para prosseguir sem sobrecarregar as faculdades mentais na investigação de todos esses assuntos? Não acha a senhora que estes homens que publicaram a verdade no passado eram inspirados por Deus?'

" 'Não ouso dizer que não fossem guiados por Deus, pois Cristo os guiou em toda a verdade ; porém, referindo-me à inspiração no mais pleno sentido da palavra, respondo: Não. Creio que Deus lhes deu uma obra a fazer, porém se não são inteiramente consagrados a Deus em todas as ocasiões, entrelaçarão o eu e seus peculiares traços de caráter naquilo que estão fazendo, e porão sua índole na obra'." — Review and Herald, de 25 de março de 1890.

A mensageira do Senhor escreveu as seguintes palavras sobre alguns de nossos livros publicados no passado, no tempo dos pioneiros, mostrando que neles se encontravam assuntos que necessitavam de estudo mais cuidadoso e correção:

"Em alguns de nossos livros importantes publicados durante anos, e que trouxeram muitos ao conhecimento da verdade, podem ser encontrados assuntos de menor importância que reclamam estudo mais cuidadoso e correção." — Manuscript 11, 1910.

Nesse mesmo ano escreveu W. C. White que correções em número de três dezenas foram feitas no livro Daniel e Apocalipse de Urias Smith, como resultado de uma considerável controvérsia verificada durante o período de 1886 a 1888 sobre alguns comentários expostos neste livro (fato minuciosamente referido numa carta dirigida a A. F. Harrisson, em 26 de junho de 1910, e citado na página 9 da REVISTA ADVENTISTA de março de 1960).

Observemos através das declarações que seguem, que algumas das explanações da Bíblia feitas pelos nossos escritores do passado, estavam entrelaçadas de erro, e que o erro sustentado durante muito tempo como verdade não constitui prova de que deveria continuar sendo considerado como tal:

"Temos muitas lições a aprender, e muitas, muitas a desaprender, unicamente Deus e o Céu são infalíveis. Os que pensam que nunca têm de renunciar a uma ideia acariciada, nem têm oportunidade de mudar de opinião, ficarão decepcionados. Enquanto nos apegarmos a nossas próprias ideias e opiniões com determinada persistência, não podemos ter a unidade pela qual Cristo orou." — Review and Herald, de 26 de julho de 1892.


"Não há justificação alguma para se tomar a posição de que não há mais verdade a ser revelada, e que todas as nossas explanações da Escritura não contenham um erro. O fato de que certas doutrinas tenham sido sustentadas como verdade durante muitos anos pelo nosso povo, não é prova de que nossas ideias são infalíveis. A antiguidade não torna o erro em verdade, e a verdade tem recursos para ser justa. Nenhuma verdadeira doutrina extravia almas pela rigorosa investigação." — Idem , de 20 de dezembro de 1892

"Não podemos sustentar que a posição uma vez tomada, uma ideia uma vez advogada, não deva, sob nenhuma circunstância, ser abjurada. Há somente Um que é infalível — Aquele que é o caminho, a verdade e a vida." — Test. to Ministers, pág. 105.

O artigo de Crosier publicado no Day-Star Extra de 7 de fevereiro de 1846, a declaração aparecida no ano de 1872 e reimpressa uma só vez no ano de 1874, assim como outros trabalhos que foram publicados em ocasiões diversas, faziam parte destes escritos em que se encontrava alguma ideia ou opinião que necessitava de correção.

Nesses escritos se achava o ponto de vista segundo o qual Cristo não teria desempenhado nenhuma fase do Seu sacerdócio no Calvário nem efetuado qualquer expiação neste lugar.

Mas este ponto de vista não se harmoniza com a verdade bíblica do sacrifício de Cristo, e é exatamente isto que vamos examinar a seguir, através de numerosas citações do Espírito de Profecia.

Examinaremos aqui algo sobre a grande verdade bíblica do sacrifício de Cristo, tal como se acha exarada nos escritos do Espírito de Profecia.

Sabemos que é em torno desta verdade que se encontram reunidas todas as demais verdades da Palavra de Deus.

A partir de 1844 começou a soar no mundo a mensagem do terceiro anjo, a qual está prestes a iluminar a Terra com o clarão de sua glória.

Naquele mesmo ano iniciara-se entre os adventistas do sétimo dia o desenvolvimento da doutrina do santuário, da qual a morte de Cristo como expiação pelo pecado é uma parte constitutiva.

Uma das referências mais antigas do Espírito de Profecia, quanto à expiação efetuada por Cristo na cruz, data do ano de 1877, tendo sido publicada naquele ano, num interessante trabalho da pena da mensageira de Deus, que será mencionado no presente artigo.

Nos últimos anos de sua vida, a Sra. White dedicou uma parte maior do seu tempo para falar e escrever sobre este tão importante tema, conforme verificaremos em seguida.

O Sacrifício Expiatório de Cristo

Muitas são as referências do Espírito de Profecia concernentes ao sacrifício expiatório que Cristo realizou no Calvário. Algumas delas poderão ser apresentadas aqui:

"Todos os que verdadeiramente se tenham arrependido do pecado e que pela fé hajam reclamado o sangue de Cristo, como seu sacrifício expiatório, tiveram o perdão aposto ao seu nome, nos livros do Céu". — O Conflito dos Séculos, pág. 483. (Nova edição)

"O Arquienganador odeia as grandes verdades que apresentam um sacrifício expiatório e um todo poderoso Mediador". — Idem, pág. 487.

"A lei revela ao homem os seus pecados, mas não provê remédio... Deve ele exercer o arrependimento em relação a Deus, cuja lei transgrediu, e fé em Cristo, seu sacrifício expiatório". — Idem, pág. 506.

"O estudo da encarnação de Cristo, de Seu sacrifício expiatório e obra mediadora, ocupará a mente do diligente estudante enquanto o tempo durar". — Obreiros Evangélicos, pág. 251.


Através destas claras e positivas declarações da Sra. White, ficou demonstrada a realização do sacrifício expiatório de Cristo na cruz do Calvário.

A Expiação Feita na Cruz

Sobre a expiação que foi efetuada por Cristo, a Sra. White fez as seguintes declarações:

"Nós não podemos fazer expiação por nós mesmos; mas pela fé nós podemos aceitar a expiação que foi feita". — The Signs of the Times, 5 de dezembro de 1892.

"Ele... tomou a culpa do homem e sua pena, e ofereceu em favor dele um completo sacrifício a Deus. Em virtude dessa expiação, Ele teve poder de oferecer ao homem justiça perfeita e plena salvação".— Review and Herald, 18 de abril de 1893.

"A expiação de Cristo não se efetuou a fim de induzir a Deus a amar aqueles a quem de outro modo Ele aborreceria; e não se efetuou para produzir um amor que não existia; ela se efetuou como manifestação do amor que já estava no coração de Deus." — The Signs of the Times, 30 de maio de 1893.

"Não poderia ter havido perdão para o pecado, caso não se tivesse efetuado esta expiação". — Review and Herald, 23 de abril de 1901.

"O resgate pago por Cristo — a expiação na Cruz — está sempre perante eles". — Test., Vol. 5, pág. 190.

"E o Pai demonstra Seu infinito amor por Cristo, o qual pagou com Seu sangue o preço de nosso libertamento, aceitando como Seus os amigos dEle. Está satisfeito com a expiação feita. Ele é glorificado pela encarnação, a vida, a morte e a mediação de Seu Filho". — Test. V o l . 6, pág. 364.

"O Filho de Deus Se oferecera para expiar, com Sua própria vida, a sua transgressão". — Patriarcas e Profetas, pág. 73.

"Ele, que pela expiação proveu ao homem um infinito tesouro de força moral, não deixará de empregar esse poder em nosso favor". — Parábolas de Jesus, pág. 157.

"O sacrifício de Cristo como expiação pelo pecado, é a grande verdade em torno da qual se agrupam as outras". — Obreiros Evangélicos, pág. 315.


Os textos do Espírito de Profecia que acabamos de citar, referem uma expiação que já foi feita — uma expiação que foi efetuada na cruz há quase dois mil anos atrás.

Expiação Ampla e Perfeita do Filho de Deus

Não foi apenas um sacrifício expiatório ou simplesmente uma expiação o que Cristo realizou na cruz. Uma perfeita, ampla e completa expiação foi por Ele efetuada no madeiro.

Leiamos as declarações do Espírito de Profecia a este respeito:

"Nosso grande Sumo Sacerdote completou a oferta sacrifical de Si mesmo, quando sofreu sem meio de escape. Então se fez perfeita expiação pelos pecados do povo". — Manuscrito 128, 1897.

"Quando Ele Se ofereceu na cruz, foi feita pelos pecados do povo uma expiação perfeita". — The Signs of the Times, 28 de junho de 1899.

"Linguagem alguma pode descrever o júbilo do Céu ou a expressão de contentamento de Deus e Seu deleite em Seu Filho unigênito, quando Ele contemplou o acabamento da expiação". — Idem, 16 de agosto de 1899.

"Quando o Pai contemplou o sacrifício de Seu Filho, Ele Se inclinou diante dele, em reconhecimento de sua perfeição. 'Basta', disse Ele. 'A expiação está completa'." — Review and Herald, 24 de setembro de 1901.

"Jesus recusou receber a homenagem de Seu povo até haver obtido a certeza de estar Seu sacrifício aceito pelo Pai. Subiu às cortes celestiais, e ouviu do próprio Deus a afirmação de que Sua expiação pelos pecados dos homens fora ampla, de que por meio de Seu sangue todos poderiam obter a vida eterna". — O Desejado de Todas as Nações, pág. 590.


Temos examinado aqui aquela expiação que Roy Allan Anderson, grande estudioso do assunto do santuário, tem denominado de "expiação provida", ou seja, a expiação

"feita em favor de todo o mundo pela morte de Cristo na cruz." (Ver O Ministério Adventista, Setembro-Outubro de 1959, pág. 11). Uma expiação perfeita e concluída, portanto.

Esta é a expiação que tem sido exaltada nos cânticos dos adventistas, como se vê:

"Meu pecado, sim,
Expiou na cruz,
E por graça sem igual.
Salvou-me meu Jesus"
Coro do hino n°. 179 do Hinário Adventista.

"Mas pelo Seu sangue Jesus expiou
A culpa dos crentes na cruz;
Tirando o pecado, caminho mostrou,
O qual para o Céu nos conduz."

Última estrofe do hino n°. 286 do H. Adventista.

Não se deve confundir a expiação aqui referida com "a obra final da expiação", que está sendo presentemente realizada no santuário celestial.

A obra final da expiação, sobejamente explanada nas páginas de O Conflito dos Séculos e outros livros do Espírito de Profecia, diz respeito ao assunto do santuário em relação com os 2.300 dias. Ela está em conexão com o assunto da "purificação do santuário".

Cristo Como Sacerdote e Vítima ao Mesmo Tempo na Terra

A expiação é obra de um sacerdote.

O sacerdote terrestre não podia ser sacerdote e vítima ao mesmo tempo, porque ele era também pecador:

"Os pecados do povo eram transferidos em figura para o sacerdote oficiante, que era mediador do povo. O sacerdote terrestre não podia tornar-se ele mesmo uma oferta pelo pecado, e fazer expiação com sua vida, pois era também pecador. Por isso, em vez de sofrer ele mesmo a morte, matava um cordeiro sem mácula; a penalidade do pecado era transferida para o inocente animal, que assim se tornava seu substituto imediato, e simbolizava a perfeita oferta de Jesus Cristo". — The Signs of the Times, 14 de março de 1878.

Cristo foi sacerdote e vítima ao mesmo tempo, ao oferecer-Se em sacrifício pela humanidade na Terra.

Escrevendo aos hebreus, declarou o apóstolo S. Paulo o seguinte sobre o sacrifício efetuado por Cristo:

"... porque isto fez ele, uma vez, oferecendo-Se a Si mesmo." Heb. 7:27, última parte.

"Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno Se ofereceu a Si mesmo imaculado a Deus". Heb. 9:14, primeira parte.


Em harmonia perfeita com estas declarações de Paulo aos hebreus se acham os Testemunhos da Sra. White, os quais demonstram que Cristo desempenhou o papel de sacerdote e vítima ao mesmo tempo na Terra, ao morrer Ele na cruz:

"Ele cumpriu uma fase de Seu sacerdócio morrendo na cruz pela raça caída. Agora está Ele cumprindo outra fase [de Seu sacerdócio] pelo pleitear diante do Pai a causa do pecador arrependido e crente, apresentando a Deus as ofertas de Seu povo." — Manuscrito 42, 1901.

"Como o sumo sacerdote punha de lado suas suntuosas vestes pontificais, e oficiava com as roupagens de linho branco do sacerdote comum, assim Cristo Se esvaziou a Si mesmo, e tomou a forma de servo, e ofereceu o sacrifício, sendo Ele mesmo o Sacerdote, Ele mesmo a vítima". — Southern Watchman, 6 de agosto de 1903.


"Como o sumo sacerdote punha de parte suas suntuosas vestes pontificais, e oficiava no vestuário de linho branco, do sacerdote comum, assim Cristo tomou a forma de servo, e ofereceu sacrifício, sendo Ele mesmo o sacerdote e a vítima". — O Desejado de Todas as Nações, pág. 17.

"Como no serviço típico o sumo sacerdote despia suas vestes pontificais e oficiava de linho branco dos sacerdotes comuns, assim Cristo abandonou Suas vestes reais e Se vestiu de humanidade, oferecendo- Se em sacrifício, sendo Ele mesmo o sacerdote, Ele mesmo a vítima". — Atos dos Apóstolos, pág. 33.


Observamos através da exposição feita, que Cristo realizou um sacrifício expiatório na cruz do Calvário — o Seu único e suficiente sacrifício — tendo efetuado naquela ocasião uma expiação completa e perfeita pelos pecados do povo, sendo Ele sacerdote e vítima ao mesmo tempo.

Excetuando-se duas passagens da Bíblia citadas, todas as demais referências deste artigo foram colhidas dos escritos do Espírito de Profecia. Algumas delas foram extraídas de manuscritos da Sra. White, os quais somente nestes últimos anos vieram a lume, enquanto outras foram selecionadas de artigos e livros desta autora, publicados no tempo em que ela ainda vivia.

Fonte: Revista Adventista de março/abril/maio de 1962

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