Meu último Sábado no “Movimento de Reforma”

Depoimento de Cyro Erthal, ex-reformista.

É privilégio da natureza humana, ao encontrar alguma coisa nova, boa e original, sentir uma necessidade irresistível de comunicar o assunto aos seus semelhantes, especialmente quando a boa nova tange o nosso coração no que concerne à nossa salvação.

Através deste artigo desejo dizer algo a respeito das minhas maravilhosas experiências, e trazer à luz, talvez, coisas que não agradarão a alguns, embora não seja meu desejo que porventura isto

venha a acontecer. Só desejo com sinceridade, para proveito de muitas almas sinceras o seguinte:

9 de junho de 1973, depois de participar regularmente durante 15 anos na "reforma", dirigi-me em companhia dos familiares ao templo de Cambará para assistirmos ali a nossa última Escola Sabatina. Oito anos antes, comprei e doei àquela denominação o terreno a fim de conseguirmos um templo, cujo construtor foi o nosso estimado irmão e amigo Francisco Palfy, reformista por muitos anos, e, ultimamente, convertido à Igreja Adventista do Sétimo Dia.

Certamente indaga o prezado leitor menos avisado: Por que fora aquela a última Escola Sabatina da família Erthal no "Movimento de Reforma"? É que três dias antes havia chegado de S. Paulo, à minha casa o irmão Vilmur C. Medeiros, obreiro da "reforma" e genro do articulista, em companhia de sua esposa e filho. Como sempre chegou alegre e bem disposto, vibrando de entusiasmo e decisão. Porém, ao formular algumas perguntas com respeito aos seus trabalhos missionários percebi que ele se achava preocupado com algo importante. Finalmente revelando suas apreensões, deixou-nos estarrecidos quando nos afirmou que após longo exame da Bíblia e dos livros do Espírito de Profecia havia chegado à conclusão de ser a Igreja Adventista o verdadeiro movimento e não a "reforma".

Senti naquele momento um imenso impacto... Fiquei sobremodo submerso em profundos pensamentos quando constatei que realmente já estavam (genro e filha) decididos ao lado da Igreja Adventista. Porém, aquela sombra de perplexidade foi-se dissipando, até que finalmente, depois de longas horas de estudo e consideração tudo se esclareceu como que por encanto. Sim, aqueles 15 anos, foram deveras uma longa caminhada em nossa "peregrinação" como verdadeiros judeus errantes, embora tendo sempre como alvo o Porto Desejado. Porém, como obstinados, viajando em sentido contrário, todavia, o nosso conforto é crer que o nosso Redentor vive... (Jó 19:25), e que é longânimo e perdoador (Núm. 14:18). Por isso concedeu-nos ainda a tempo, conhecermos o verdadeiro caminho para irmos acertadamente ao Seu encontro, felizes e satisfeitos, libertos de certos fanatismos. Ele não leva em consideração o tempo de nossa ignorância, (Atos 17:30), especialmente quando palmilhamos as sendas que julgamos ser de acordo com a Sua vontade,na expectativa de inocentes crianças...

Sim, muitas horas de meticuloso exame dos Testemunhos aos poucos nos persuadiram que a doutrina do chamado "Movimento de Reforma" tem muito a desejar e que aos poucos vai se desintegrando porque não há razão para sua existência. Aliás, havia muito que já vínhamos percebendo algo de anormal dentro deste "movimento". A constante decadência desta igreja na sistemática de certos líderes cheios de presunção, nos preocupava. A indisciplina e confusão campeiam em todos os sentidos e setores:

O Ginásio Ebenézer, o único construído em todo mundo, não funciona. Desde que me uni ao movimento reformista, sugeri aos dirigentes para que fosse divulgada a "mensagem" através do rádio, conforme fazia e faz a Igreja Adventista através do maravilhoso programa "A Voz da Profecia". Respondiam evasivamente, que, não ficava bem levar a Palavra de Deus por intermédio de programa radiofônico. Ultimamente, porém, resolveram, embora, em condições precárias, levar ao ar alguns raros programinhas, quando esporadicamente aparece uma oportunidade.

Quando conheci este movimento, os seus dirigentes não permitiam de forma alguma que as noivas usassem véu no ato de seu casamento, achando que isto constituía um grave pecado. Acontece que de uns 3 anos para cá, começaram a admitir o seu uso sem fazerem objeções como acontecia antes.

Outras ideias extremadas e fanáticas adotadas pela "reforma":

a) Só realizavam batismo em água corrente e não em tanques ou batistérios;

b) Eram contrários à projeção luminosa. Hoje eles procuram adquirir filmes da Igreja Adventista para usar em seus precários programas missionários.

c) Não concordavam também com o sistema de recolta. Atualmente, apesar de não terem um programa regular de recolta, eles acham ser correto;

d) Não admitiam que as mulheres usassem meias transparentes; Princípios de Fé (antigo) p. 15;

e) Proibiam também o uso de sapatos abertos, como sandálias, etc;

f) Os vestidos tinham que medir 23 centímetros do chão. Os que não obedecessem esta medida eram sumariamente disciplinados;

g) Eram contrários também ao uso do rádio. (Ver decisões da "Conferência Geral da Reforma", de 1955).

h) Etc.

Por que a "reforma" não ensina os mesmos princípios em todos os tempos? Ela altera seus ensinos muitas vezes. E interessante notar que a "reforma" condenava a Igreja Adventista como apostatada em todos esses pontos. Hoje, suas acusações sobre esse assuntos cessaram. Como podemos ver, esses são os frutos de um movimento fanático.

Outra coisa ainda considerada imperdoável é o uso da aliança. Fazem disto, uma prova de comunhão, quando, a senhora White deixa bem claro que "Nos países em que o costume for imperioso, não temos o encargo de condenar os que usarem sua aliança". — I TS, p. 601.

Sim, aquelas inesquecíveis horas de estudo com profundas orações, sobre todos os pontos relacionados com o "Movimento de Reforma", para que Deus nos revelasse toda a verdade, nos convenceram de que o Senhor tem realmente uma Igreja na Terra — a Igreja Adventista do Sétimo Dia e não as ramificações transviadas. (VE, pp. 205, 207, 208, 210, 228, 2ME, pp. 396, 397, etc.)

Desejo esclarecer também, que, de início julguei que realmente esse movimento representava a verdadeira igreja nesses últimos dias. Por isso decidi-me aceitá-la como tal. Aos poucos, porém, foi-se desvanecendo aquela confiança pelo chamado "movimento de reforma", por razões inteiramente plausíveis. Os desmantelos que reinam em todos os mínimos setores, jamais pensei que fossem chegar às proporções tão alarmantemente caóticas.

Para que os reformistas pudessem descobrir a estarrecedora confusão predominante entre seus líderes seria necessário que eles lessem com atenção o tenebroso "Livro do Pecado", negro registro histórico da "reforma", escrito por um dos seus líderes — o Sr. D. Nicolici. Há poucos anos este livro fora mantido num segredo máximo pelos dirigentes da "reforma". Providencialmente porém, um pastor do dito movimento o vendeu para a Igreja Adventista e assim foi possibilitada aos reformistas sinceros, também a oportunidade de o possuírem e conhecerem a lúgubre história deste movimento.

Ao mesmo tempo nossos amigos poderão adquirir o grandioso livro "História da Nossa Igreja", e depois de estudá-lo e confrontá-lo, poderão observar o berrante contraste. O primeiro todo envolto em trevas do pecado, o segundo todo envolto em auréolas de luz, refletindo o espírito de sabedoria e verdade a respeito da emocionante e doce história de nossa igreja.

Para tudo há seu tempo determinado (Ecl. 3:1). No momento não farei menção dos inúmeros trechos do Espírito de Profecia, os quais comprovam ser a Igreja Adventista do Sétimo Dia o verdadeiro povo de Deus. Militante agora, mas triunfante em futuro próximo. E são "os membros da igreja militante que se houverem demonstrado fiéis, que hão de tornar-se a igreja triunfante". EV, p. 707.

Damos, portanto, graças ao bom Deus por termos este tão alto privilégio de participarmos irmanadamente do Seu povo, da Sua Igreja. Aliás, apenas muito pesarosos por sabermos que no seio daquele movimento existem muitas almas sinceras, sequiosas de compreender a verdade. Porém, permanecem nos liames da obscuridade, em grande parte, por culpa dos que se acham à frente como desvairados comandantes que anteveem a derrocada final desse "movimento" mas continuam defendendo cegamente as suas ideias errôneas e ao mesmo tempo acusando e condenando a igreja Remanescente.

Graças à operação do Espírito Santo, em Cambará já se batizaram 30 (trinta) dos que vieram da "reforma". Restam ainda 11, dos quais 5 são menores, 4 são candidatos para um futuro batismo e dois outros Cyrino, e Cirino Erthal, são simpatizantes e amigos da Verdade. Sim, foi um grande milagre, podermos desvencilhar-nos das garras e armadilhas do inimigo (João 15:30). Lembramo-nos também com alegria que reformistas de diversos lugares como: Ponta Grossa, S. Paulo, Suzano, Porto Guaíra, etc. tocados pelo Espírito do Senhor, resolveram buscar esclarecimentos e foram atendidos. Hoje são membros do povo de Deus. No entanto não ignoramos os efeitos do ódio de alguns ex-irmãos que como represália têm feito vários ataques e calúnias. Todavia, apesar de tudo, ainda lhes quero bem, esperando que também venham ao conhecimento pleno da Verdade, da qual é depositária a Igreja Remanescente.

Deus deseja que Seu povo se una para enfrentar a crise que está prestes a vir, pois "Na união há força, na divisão há fraqueza". — 2TS, p. 360.

Portanto, dizemos a todos nossos irmãos separados que nos achamos de braços abertos, para juntos estudarmos, imbuídos de paz e amor, qualquer assunto com relação à Igreja Adventista, o verdadeiro povo de Deus. — Cyro Erthal
Fonte: Revista Adventista, julho de 1974.

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