Dou graças
a Deus por me haver tocado o coração com Seu Espírito, não nos deixando em
confusão.
Desde que
me entendo por gente, fui reformista. Eu não sabia outra coisa senão que a
Igreja Adventista era uma igreja
apostatada e que o Movimento da Reforma era a verdadeira Igreja de Deus. Só ouvia falar na apostasia da Igreja Grande e que a Reforma era um movimento profético.
apostatada e que o Movimento da Reforma era a verdadeira Igreja de Deus. Só ouvia falar na apostasia da Igreja Grande e que a Reforma era um movimento profético.
Foi em
1951, quando ainda muito jovem, que ouvi de uma separação no Movimento de
Reforma. Chegou-me às mãos uma carta, dizendo que o irmão Kozel e outros mais
haviam apostatado e que ocorrera uma separação. Começaram agora também horríveis
e tremendas lutas de reformistas contra reformistas, pois este movimento dividiu-se,
formando duas Associações Gerais, dois movimentos completamente distintos, mas
ambos se referindo à sua origem em 1914. As acusações mútuas eram as mais
vergonhosas, dividindo famílias, igrejas, o que levou muitos a perderem a fé.
Em 1953,
houve a divisão da Reforma na igreja do Cambira, Apucarana, Paraná. Desde então
havia naquele lugar três grupos que guardavam o sábado. Muitas vezes, esses
grupos se encontravam a caminho da Escola Sabatina, e surgiam fortes
discussões.
O irmão
Emílio Döhnert, dirigente de um pequeno grupo de adventistas na localidade, procurou
provar que esses movimentos não eram amparados por profecias e que só havia
fundamento profético para a Igreja Adventista do Sétimo Dia.
Os anos se
passaram, e só mais tarde pude entender que o irmão Döhenert tinha razão.
Desde
1953, o irmão Albert Muller dirigia o Movimento da Reforma, ou melhor, o
movimento kozelita, no Brasil. Fui estudar na Alemanha, em 1956. Dois anos
depois, ao concluir os estudos na escola missionária da Reforma, estava
convicto de que o movimento do irmão Kozel era verdadeiro. Nesse tempo conheci
a minha esposa. Em 1958, voltamos ao Brasil. O Sr. Dagoberto Molina, pastor reformista,
dirigia a Obra (movimento kozelita) no Brasil. Éramos poucos em
número, mas grandes em planos. Queríamos conquistar os adventistas e os
reformistas nicolicitas, assim chamados por pertencerem ao movimento de D.
Nicolici.
Foi então
que fomos morar na Cidade Patriarca, na Capital Paulista. E sempre estávamos convictos
de que estávamos fazendo a obra de Deus. Procurávamos obter endereços para
visitarmos as famílias. Auxiliava-nos nesse trabalho o Sr. A. Graviotto e, em
época de conferências, até mesmo o Sr. Kozel. Havia polêmicas e discussões que
se estendiam de 10 a 16 horas por dia, com vergonhosas acusações de ambos os
lados. O esforço também não ficou sem êxito.
Em 1962,
fui ordenado pastor pela Igreja da Reforma. Pouco
depois, foi adquirido um terreno em Vila Ré, na capital paulista, para a
construção de uma igreja. Os poucos irmãos que havia fizeram grande sacrifício,
especialmente os de Cambira. Mas grande parte dos meios para a construção foi
subvencionada por irmãos da Alemanha. Durante as cerimônias de inauguração, fui
eleito presidente da Associação Brasileira dos Adventistas do Sétimo Dia —
Movimento de Reforma Original de 1914. Auxiliado pelo Pastor Dagoberto Molina,
obreiros e colportores, estendemos o trabalho a diversas partes do país: Rio de
Janeiro, Juiz de Fora, Uberlândia e Goiânia. Estávamos sempre, em nossas
viagens, com uma pesada mala cheia de documentos e fotocópias, e não receávamos
encontros com os outros reformistas.
Vencido
meu mandato como presidente, fui reeleito. O meu estado de saúde, porém, tornou-se
precário. Pedi férias por três meses e vim com minha família para a Alemanha.
Voltei, pouco depois, para o Brasil. Como meu estado de saúde era precário,
pedi transferência para a Alemanha.
Nessa
ocasião, um grande número de irmãos da igreja do Cambira, em Apucarana, decidiu-se
pela Igreja Adventista. Não pude compreender tal atitude.
Na
Alemanha fiquei quase um ano sem poder trabalhar. Quando melhorei, fui
novamente chamado a trabalhar na obra. Fui varias vezes a Portugal,
acompanhando pastores, como intérprete.
Em
Portugal tinha-se unido novamente um grupo com mais de 100 almas ao Movimento da
Reforma, as quais, em 1948, haviam-se separado da Reforma, encabeçados pelo Sr.
Rick, e afirmavam ser eles a verdadeira igreja de Deus. (O Sr. Rick separou-se por
não ter sido eleito presidente da Associação Geral em 1948, e, assim, fundou para
si uma nova igreja, tendo bons exemplos desde 1914).
De três em
três meses, eu ia a Portugal e à Espanha. Houve nesse tempo um grande
descontentamento entre os reformistas na Europa, especialmente na Alemanha. E
muitos começaram a estudar com maior cuidado os testemunhos do Espírito de Profecia.
Eu mesmo mudei o meu sistema: não mais com aquela lente reformista. Lia-os
agora em conjunto e não mais uma linha aqui e outro trecho acolá.
Como
mencionei anteriormente, mudei meu sistema de estudar os testemunhos da irmã
White. Cheguei à conclusão de que muitos deles eram por nós reformistas mal
aplicados e mal interpretados. Falei com vários amigos e pastores sobre o meu
pesar, sem, todavia, duvidar do Movimento da Reforma, apesar de ter visto centenas
de reformistas indo para a Igreja Adventista. Muitas vezes me sentia inquieto.
Procurava, nessas ocasiões, ver os defeitos da Igreja Adventista. Vários amigos,
e mesmo familiares, já se haviam decidido pela Igreja Grande.
Certo dia,
em Portugal, fui à Editora Adventista. Ali, muito bem atendido, perguntei se
havia livros novos ou recém traduzidos, da profetisa . Meus olhos logo caíram sobre
os volumes de Mensagens Escolhidas e
outros mais que eu ainda não possuía. Comecei a ler. Entretanto, como pastor
reformista, duvidei da tradução. Fui a um amigo que tinha os volumes em inglês,
e comparamos página por página, mas tudo concordava, até mesmo as páginas. Isto
tocou-me o coração. Falei com os irmãos dirigentes, meus superiores, e
disse-lhes que eu não podia continuar como pastor reformista em virtude de ter
dúvidas quanto ao movimento. Citei Mensagens
Escolhidas, vol. 2, p. 66: "A mensagem
que declara a Igreja Adventista do Sétimo Dia Babilônia, e chama o povo de Deus
a sair dela, não vem de nenhum mensageiro celeste, ou nenhum instrumento humano
inspirado pelo Espírito de Deus". Na página seguinte li: “Direi no temor e amor de Deus: Sei que o
Senhor tem pensamentos de misericórdia para restaurá-los de todas as suas
prevaricações. Ele tem uma obra para a Sua igreja fazer. Eles não devem ser
declarados Babilônia, mas o sal da terra , a luz do mundo . Devem ser mensageiros
vivos para proclamar uma mensagem viva nestes últimos dias". Li também
trechos das páginas 69 e 406. O último, por exemplo, diz: "Sou animada e beneficiada ao compreender que
o Deus de Israel ainda guia Seu povo, e que continuará a ser com eles até o fim".
Estas foram as palavras da profetisa à Assembleia da Associação Geral de 1913. Ora,
como é possível que Deus, um ano mais tarde, tenha rejeitado a Sua igreja, como
dizem os reformistas?
Estes e
outros testemunhos me tiraram os fundamentos reformistas de debaixo dos meus
pés. E por não mais poder defender o Movimento de Reforma e por reconhecer que
é um movimento sem profecias, o qual não pude defender em sã consciência, renunciei
a meu cargo. Não fui deposto de meu cargo; renunciei-o voluntariamente e, continuando,
todavia, por algum tempo como membro, aprofundando-me cada vez mais no estudo
da Bíblia e dos Testemunhos.
Minha
esposa e filha já se haviam decidido pela Igreja Adventista. Entretanto, chegou
o momento em que não mais tive paz no coração. E, na minha última pregação no
Movimento de Reforma, apresentei as profecias do Espírito de Profecia de que a
Igreja Adventista do Sétimo Dia permaneceria como Igreja até o fim, sim, até a volta
de Jesus. E disse que, se aceitássemos a irmã White como uma profetisa enviada
por Deus, não poderíamos duvidar da Igreja Adventista como Igreja de Deus. Há
muito que eu esperava ser excluído do Movimento de Reforma, mas, como os
líderes de lá não faziam nada nesse sentido, vi a indecisão deles, que me pareceu
sintomática.
Poderia
citar muitos testemunhos. Mas meu apelo é dirigido a todos os irmãos reformistas,
tanto de um como de outro partido, para que abandonem essa tremenda luta de
supremacia entre uns e outros, e, de maneira especial, que deixem de trabalhar contra
os Adventistas, pois quem luta contra a Igreja Adventista , luta contra Deus.
"Debilitada e defeituosa, necessitando
constantemente ser admoesta e aconselhada, a igreja é, não obstante, o objeto
do supremo cuidado de Cristo". — ME, vol. 2, p. 380.
Faz um ano
e meio sou membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia, após 38 anos de Reforma.
São muitos
os reformistas que deixaram aquele arraial. Mas, especialmente, sinto-me feliz por
meus familiares - minha esposa, pais, irmãs, cunhado e sobrinhos que vivem em
Ubiratã, Paraná, os quais como família estão unidos em torno da verdadeira Igreja.
Aqui na Europa,
centenas de reformistas já abandonaram o movimento espúrio e hoje são membros
de nossa Igreja. Dos pastores que conheço, nove estão conosco agora.
Faz dois
anos que, pontualmente, recebo a Revista Adventista, editada no Brasil. Grande
foi minha alegria ao ler sobre o despertamento que está ocorrendo entre os reformistas
brasileiros. Li, com emoção, os artigos dos irmãos E. Kanyo, J. Laerte Barbosa,
Cyro Erthal, Wilmur Medeiros e outros.
Faz pouco tempo,
mais três famílias amigas, aqui da Alemanha, deixaram a Reforma. Não posso
deixar de mencionar como o Espírito Santo está operando em Portugal, pois ali
vários irmãos também fizeram sua decisão. Oremos, com sinceridade, pelos irmãos
que ainda estão enganados. — Helmuth Shneider — 71 Heilbronn —Keiserslauternerstr.
43, Germany.
Fonte: Revista Adventista setembro/outubro/novembro de
1975
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