Por Alberto R. Timm
Vivemos
nos dias finais da história humana, e Satanás está “cheio de grande cólera”,
pois sabe que “pouco tempo lhe resta” (Apoc. 12:12). Em sua peleja final contra
o povo remanescente que guarda “os mandamentos de Deus” e tem “o testemunho de
Jesus” (Apoc. 12:17), o inimigo se vale de
algumas pessoas dentre o próprio povo de Deus como seus mais eficazes agentes (ver Mat. 13:24-30). Pretendendo ser parte do povo de Deus e demonstrando zelo superior para com a verdade, esses agentes conseguem grande êxito em infiltrar na própria Igreja o mesmo espírito belicoso que sempre caracterizou “o acusador de nossos irmãos” (Apoc. 12:10).
algumas pessoas dentre o próprio povo de Deus como seus mais eficazes agentes (ver Mat. 13:24-30). Pretendendo ser parte do povo de Deus e demonstrando zelo superior para com a verdade, esses agentes conseguem grande êxito em infiltrar na própria Igreja o mesmo espírito belicoso que sempre caracterizou “o acusador de nossos irmãos” (Apoc. 12:10).
Ao mesmo
tempo em que Cristo nos admoesta a não julgarmos as motivações interiores das
pessoas (Mat. 7:1), Ele também nos estimula a avaliar as características
pessoais dos pretensos porta-vozes da verdade, a fim de não sermos por eles
iludidos (Mat. 7:15-23). Ellen G.White, em seu livro A Igreja Remanescente
(CPB, 2000), págs. 29-43, nos adverte contra os acusadores da Igreja. Creio,
portanto, ser oportuno considerarmos mais detidamente o perfil dos críticos e
suas estratégias, para não sermos por eles enganados e para evitarmos que nossas
congregações sejam por eles divididas.
Perfil dos críticos – Existem alguns críticos
da Igreja que levam, pelo menos aparentemente, uma vida normal e sem maiores
problemas pessoais. Seria inadmissível, portanto, atribuirmos o mesmo perfil a
todos os críticos.
Mas muitos
deles, que conheci pessoalmente ou através de informações biográficas
fornecidas por outras pessoas, revelam pelo menos algumas das seguintes
características:
1. Desequilíbrio emocional. Muitos críticos da
Igreja parecem afetados, em maior ou menor grau, pelo assim chamado Transtorno
Obsessivo Compulsivo (TOC). O comportamento deles se caracteriza por um forte
impulso obsessivo- compulsivo à agressividade para com todos os que deles
discordam. Todos os que a eles se opõem são considerados inimigos a serem
combatidos em nome de Deus.
2. Frustrações pessoais. Grande parte dos
críticos é composta de pessoas frustradas por não terem conseguido determinado
cargo de liderança ou certo reconhecimento público, ou ainda por terem sido
destituídos de uma função de destaque social. Não conseguindo conviver com o
“luto” pela perda, eles acabam projetando sobre outros a sua amargura pessoal.
3. Problemas morais e familiares. Alguns dos críticos
mais agressivos são pessoas emocionalmente desestruturadas por problemas
morais, ou mesmo traumatizadas pela perda do cônjuge, quer por morte ou
separação. Sem a estabilidade de uma família bem estruturada, a pessoa tende a exercer
uma influência desestabilizadora sobre outros segmentos sociais, incluindo a
própria Igreja.
4. Dificuldades financeiras. Alguns dos críticos
mais amargurados são pessoas que já tiveram estabilidade econômica, mas
acabaram se desequilibrando financeiramente. Em muitos casos a pessoa incorre
em infidelidade nos dízimos e ofertas. Não são poucos os que chegam mesmo a desviar
os fundos da Igreja para seus interesses particulares, sob a alegação de
corrupção no uso desses fundos por parte da denominação.
5. Problemas de autoestima. Conheço pessoas que
foram maltratadas na infância ou que carregam alguma deficiência física ou
emocional e que buscam incessantemente algo para superar sua baixa autoestima.
Não conseguindo projetar-se positivamente na comunidade, elas recorrem à
crítica como uma forma de superação. Não lhes sendo concedida a oportunidade de
pregar, passam a criticar os outros pregadores que usam o púlpito.
6. Egocentrismo. Praticamente todos os
críticos são pessoas egocêntricas, que se colocam a si mesmas e suas ideias
como o referencial para a espiritualidade dos demais. Aqueles que concordam com
eles, são tidos como bons cristãos; aqueles que deles discordam, são
considerados em estado de apostasia. Consideram suas próprias ideias as melhores,
e seus julgamentos, os mais abalizados.
7. Individualismo e independência. O egocentrismo dos
críticos gera neles uma postura individualista e independente, que acaba por
distanciá-los do pensamento coletivo da Igreja. Para eles, a liberdade de pensamento
individual é bem mais importante que o conselho dos irmãos. Quem deles discorda
é geralmente tido como retrógrado ou destituído do verdadeiro espírito
democrático.
8. Espírito acusador. Os críticos normalmente
não se contentam apenas em discutir ideias e conceitos. Para conseguir o seu
espaço, eles precisam acusar e rotular negativamente outras pessoas influentes.
Com esse mecanismo de autodefesa, conseguem transferir sutilmente o foco da atenção
de seus próprios problemas pessoais para os supostos problemas de outros.
9.Tendência generalizadora. O ser humano já possui
tendência natural à generalização, mas os críticos são mestres nessa área. O
comportamento indevido de um líder da Igreja, ou de um pequeno grupo de
líderes, é atribuído como característico de toda denominação. Consequentemente,
os mais de 13 milhões de membros da Igreja ao redor do mundo são
responsabilizados pelo comportamento de um ou mais indivíduos (cf. Ezeq.
18:20).
As
características anteriores são frequentemente encontradas entre os críticos da
Igreja, e nos ajudam a entender melhor o perfil deles. Mas elas, por si só, não
conseguem explicar como pessoas com tais características conseguem atrair para
si um número significativo de discípulos. Para isso, é importante considerarmos
também algumas estratégias que os críticos usam para disseminar suas ideias.
Estratégia dos críticos – As estratégias usadas
no processo de disseminação das críticas podem variar tanto quanto o próprio
perfil dos críticos, mas entre as mais comuns destacam-se as seguintes:
1. Demonstração de profundo conhecimento da
Bíblia e dos escritos de Ellen G. White. Numa época em que grande parte dos membros da
Igreja carece de um conhecimento mais aprofundado da Bíblia e dos escritos de
Ellen G. White, os críticos aparecem como detentores exclusivos desse conhecimento.
Uma vez reconhecidos como tais, eles não se inibem de superenfatizar o que lhes
agrada nos escritos inspirados e, simplesmente, desconsiderar o que não lhes
interessa.
2.Manipulação psicossocial. Uma das maneiras mais
comuns de cativar os ouvintes é através da técnica de recitar publicamente
grande número de textos bíblicos e dos escritos de Ellen White, previamente
memorizados. Recitando textos que ninguém do auditório havia memorizado, os
críticos conseguem vender a ideia de que eles possuem um conhecimento superior
a todos os demais, e que esse conhecimento deve ser aceito como uma “nova luz”
de origem divina.
3. Pretensa originalidade. Muitos críticos
desconhecem ou mesmo distorcem as raízes históricas de suas ideias, para deixar
a impressão de que, finalmente, alguém honesto surgiu para restaurar a verdade
em sua pureza bíblica e para revelar as falcatruas da denominação. Desta forma,
os ouvintes menos esclarecidos não conseguirão identificar a pretensa “nova luz”
como sendo simplesmente velhas distorções doutrinárias com as quais a Igreja já
se deparou no passado.
4. Difamação da liderança da Igreja. Não conseguindo o
endosso da liderança da Igreja para seus postulados pessoais, os críticos
passam, então, a difamá-la, na tentativa de conseguir adeptos que confiem mais
neles que nos líderes da denominação. O apóstolo Pedro advertiu que nos últimos
dias surgiriam pessoas atrevidas e arrogantes, que menosprezariam “qualquer governo”
e difamariam as “autoridades superiores” (II Ped. 2:10).
5. Postura de “salvador da pátria”. Havendo minado a
confiança na liderança da Igreja, os críticos estão em condições de ser
reconhecidos como os únicos detentores da verdade e os autênticos líderes do
povo de Deus. Desta forma, eles finalmente conseguem assumir uma posição de liderança
que jamais lhes seria confiada pela própria Igreja.
6. Síndrome de mártir. Quando a Igreja decide
aplicar a devida censura eclesiástica a esses críticos dissidentes, eles
costumam fazer-se de vítimas do sistema eclesiástico, considerado por eles tão
intolerante quanto o que perseguiu Martinho Lutero. Com essa comparação,
conseguem mais simpatizantes ainda, pois existe uma tendência natural de
justiça no ser humano, de defender instintivamente as “vítimas” (os que estão
sendo censurados) e de punir os “agressores” (os que aplicam a censura).
7. Discurso autobiográfico. Uma das estratégias
mais comuns usadas, consciente ou inconscientemente, pelos críticos é de
projetarem sobre a Igreja e sua liderança o seu próprio perfil anticristão e
antiético. Pelo princípio do espelho, eles se veem refletidos nos outros, e
passam a acusá-los daquilo que eles mesmos são. Isto não passa de uma atitude
de desespero, que os leva a projetar sobre os outros suas próprias frustrações
pessoais.
8. Divisão nas igrejas. Por mais atrativo e
convincente que possa parecer o discurso de alguém, permanecem as indagações:
Quais são os “frutos” da obra desse indivíduo (Mat. 7:20)? As suas palavras
fortalecem a fé, o amor e a unidade dos crentes (João 17:21)? Mas,
lamentavelmente, a obra desses críticos tem quase sempre deixado após si um
forte espírito de contenda e um grande senso de superioridade pessoal,
completamente antagônicos à religião de Cristo (ver Mat. 5:43-48).
Considerações adicionais – Muitos desses
críticos até podem ser sinceros em suas alegações, mas sua obra de difamação não
fortalece a fé e nem promove a unidade da Igreja. Ellen G. White admoesta que
tais pessoas jamais entrarão no reino de Deus: “Vi que alguns estão definhando
espiritualmente. Têm vivido por algum tempo a observar se seus irmãos andam
retamente – espreitando toda falta, para então os meter em dificuldades. E
enquanto fazem isto, a mente não está em Deus, nem no Céu ou na verdade; mas simplesmente
onde Satanás quer que esteja – nos outros. Seu coração é negligenciado; raramente
essas pessoas veem ou sentem as próprias faltas, pois têm tido bastante que
fazer em vigiar as faltas dos demais, sem sequer olhar para si mesmos, ou
examinar o próprio coração.O vestido, o chapéu ou o avental lhes prendem a
atenção. Precisam falar a este e àquele, e isto basta para os ocupar por
semanas.Vi que toda a religião de alguns pobres corações, consiste em observar
a roupa e os atos dos outros, e em os criticar. A menos que se reformem, não
haverá no Céu lugar para elas, pois achariam defeitos no próprio Senhor.”
–Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, pág. 145.
A Igreja
sempre se deparou com críticos belicosos ao longo de sua história, e o número
desses críticos se intensificará ainda mais à medida que nos aproximarmos do
fim. Mas para a Igreja permanece a gloriosa promessa de Isaías 54:17: “Toda
arma forjada contra ti não prosperará; toda língua que ousar contra ti em
juízo, tu a condenarás; esta é a herança dos servos do Senhor e o seu direito
que de mim procede, diz o Senhor.”
Albert
R. Timm, Ph.D., é professor de Teologia Histórica no Unasp – Campus Engenheiro
Coelho, SP, e diretor do Centro de Pesquisas Ellen G. White (Brasil) e do
Centro Nacional da Memória Adventista.
Fonte: Revista
Adventista, abril 2005
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