Depoimento pessoal de um ex-reformista
que encontrou a Igreja Verdadeira depois de desencantar-se com o movimento
dividido a que pertencia.
Foi
por volta do ano de 1944, que, egresso de um catolicismo romano indiferente,
tradicional, conheci os adventistas do chamado "Movimento de Reforma"
de 1914. Crendo, conforme ensinam, que são os verdadeiros adventistas do sétimo
dia "remanescentes", ingressei no movimento pelo batismo. Crendo em
seu ensino, de que são os únicos portadores da "verdade presente",
"eleitos" para preparar o "caminho" para a Segunda Vinda de
Cristo, ingressei, sem perda de tempo, na colportagem, onde com assiduidade
levei o evangelho às pessoas interessadas.
Fui,
depois, nomeado "diretor de colportagem", "obreiro
auxiliar" e então promovido a "obreiro bíblico", tendo feito,
nessa categoria tudo quanto esteve ao meu alcance, a fim de contribuir para a
salvação de almas.
Depois
de 11 anos de árduo trabalho, comecei a descobrir que esse "Movimento de
Reforma" de 1914 não tinha predicados nem características espirituais
condizentes com aquilo que pretendem e ensinam. Observando que tais
discrepâncias tendiam a avolumar-se no decorrer do tempo, comecei a perder a
confiança no referido "movimento", malgrado as afirmações dos seus
dirigentes.
Mas,
por outro lado, não perdi a confiança no adventismo do sétimo dia como um todo,
pois conhecia as profecias, especialmente as de Daniel e Apocalipse, que,
desdobradas pelo Espírito de Profecia, na pessoa da Sra. White, assim como
pelos pioneiros adventistas, demonstram o surto e a prossecução de um Movimento
Mundial, pregando o "Evangelho Eterno" (Apoc. 14:6), culminando com o
objetivo proposto: a volta de Cristo (Apoc. 14:14-16).
Como
João Batista veio, conforme as profecias, e preparou o caminho para o primeiro
advento de Cristo, semelhantemente, no tempo do fim, deveria surgir um
Movimento para preparar o caminho para a Segunda Vinda de Cristo. Entendi,
porém, que a chamada "Reforma de 1914" não podia corresponder ao dito
e profetizado Movimento.
Assim,
por volta de 1963, saí da "Reforma". Mas por falta de oportunidades,
que me proporcionassem estudo adequado, a fim de que pudesse descortinar aquilo
que realmente vem acontecendo neste setor, demorei muito a chegar à realidade
dos fatos. Mas felizmente, isto aconteceu nestes últimos dois anos.
Aceitando
a Sra. White como a Mensageira ou Profetisa da Igreja Adventista, descobri,
através de seus escritos, o paralelo que há na fundação do Movimento Adventista
do Sétimo Dia, em 1844, e o Êxodo dos israelitas, do Egito à Terra Prometida.
Embora
o movimento do Êxodo fosse profetizado e seus dirigentes eleitos por Deus,
sabe-se que não faltaram rebeliões contra estes dirigentes — Moises e Arão — as
quais foram punidas por Deus (ver Números cap. 16). O mesmo, segundo a Sra.
White, deveria acontecer com o Movimento Adventista, rumo à Canaã Celestial.
Diz ela: "A História está se repetindo” (Profetas e Reis. pág. 173); e "Os
movimentos importantes do presente têm seu paralelo nos do passado, e a experiência
da igreja nos séculos antigos encerra lições de grande valor para o nosso tempo”.
(O Grande Conflito, pág. 342.)
E
mais: "Não consideramos que nossos perigos não são nada inferiores aos dos
hebreus, antes maiores. Haverá tentações a ciúmes e murmurações, e haverá
franca rebelião, tais como se acham registrados acerca do antigo Israel" (Testemunhos
Seletos, vol. 1. pág. 342).
Nota-se que foi o mesmo movimento que saiu do
Egito, sob a direção de Moisés e Arão, que entrou na Terra Prometida. Quanto ao
Movimento Adventista, fundado em 1844 sob cumprimento de profecias, a Sra.
White, não admite "bifurcação", no sentido de que este movimento vá cair,
desviar-se ou tomar outro rumo. Se os "reformistas" de fato aceitam
os ensinos da Sra. White, segundo o afirmam, deveriam, para ser coerentes,
aceitar também as seguintes afirmações da mesma profetisa:
"Alguns
há que apanham da Palavra de Deus e também dos Testemunhos parágrafos ou sentenças
destacados que podem ser interpretados de maneira a se ajustarem a suas ideias,
e nelas se detêm, e encastelam-se em suas próprias posições, quando Deus não os
está dirigindo. Aí está o vosso perigo.
"Tomais
passagens dos Testemunhos que falam do fim do tempo da graça, da sacudidura do
povo de Deus, e falais da saída dentre
esse povo (grifo meu) de um outro povo mais puro, santo, que surgirá. Ora,
tudo isso agrada ao inimigo. Não devemos
adotar, desnecessariamente, um procedimento que origine divergências ou suscite
dissensões". Mensagens Escolhidas,
vol. 1. pág. 179.
"A igreja talvez pareça como prestes a
cair, mas não cairá (grifo meu). Ela
permanece, ao passo que os pecadores de Sião serão lançados fora no joeiramento
— a palha separada do trigo precioso". Idem,
vol. 2, pág. 380.
E
mais: "Quando se levanta alguém, de nosso meio ou fora de nós, tendo a
preocupação de proclamar uma mensagem que declare que o povo de Deus pertence
ao número dos de Babilônia, e que pretenda que o alto clamor é um chamado para
sair dela, podereis saber que esse tal não é portador da mensagem de verdade.
Não o recebais, não lhe desejeis bom êxito; pois Deus não falou por ele, nem
lhe confiou uma mensagem, mas ele correu antes de ser enviado". Testemunhos Para Ministros, pág. 41.
“Não
podemos agora descer dos fundamentos que Deus estabeleceu. Não podemos agora
entrar para qualquer organização nova; pois isto significaria apostatar da
verdade". Testemunhos Seletos, vol.
2, pág. 363.
"Debilitada
e defeituosa, necessitando constantemente ser admoestada e aconselhada, a
igreja é, não obstante, o objeto do supremo cuidado de Cristo." Idem, pág. 362.
"Se, na direção da obra, houver coisas
que careçam de ajustamentos, Deus disso cuidará, e operará para corrigir todo erro."
Idem, pág. 363.
Foi,
pois, observando estas e outras declarações, bem como o cumprimento de
profecias quanto ao desrespeito a tais afirmações, que, por mim mesmo, passei a
me interessar pela Igreja Adventista do Sétimo Dia, pois não se pode negar que
o atual "Movimento de Reforma", começado em 1914, está dando
cumprimento negativo a muitas profecias da Sra. White. Senão vejamos:
“Deus
está conduzindo um povo e preparando-o para apresentar-se como um, unido, para
falar as mesmas coisas, e assim cumprir a oração de Cristo por Seus
discípulos”...
"Erguem-se
continuamente pequenos grupos que crê em que Deus está unicamente com os
poucos, os dispersos, e sua influência é derribar e espalhar o que os servos de
Deus constroem." Idem, vol. 1, pág.
166.
"Essa
classe não sabe realmente o que crê, ou as razões de sua crença". Idem, vol. 1, pág. 167.
Um Movimento Dividido,
Tendo Já “Bisnetos”.
Diz
certo provérbio que "tudo quanto um homem fale, pode ser verdade, a menos que se prove o contrário".
Pois
bem, esse "Movimento de Reforma" de 1914, até o ano de 1951, fazia
adventistas incautos "estremecerem" com sua mensagem contra a Igreja
Adventista, e a sua fundação em 1914, supostamente em cumprimento de profecias,
como as de Apocalipse 18:1-4. No item "16" dos seus Princípios de Fé
(velha edição), publicados em 1925, dizem eles: "Cremos que o atual
despertamento entre o povo do advento, apostatado da tríplice mensagem
angélica, é o cumprimento das seguintes profecias”... E citam em seguida, Apoc.
18:1-4, PE:33; 2TS (antigo):223.
Por
volta de 1925, os reformistas ainda mantinham a sua crença de 1914-1918, isto
é, ensinavam que seu grupo, então saído da Igreja Adventista, dava cumprimento
ao quadro profético de Apoc. 18:1-4, e mais as profecias da Sra. White. Diziam
ser o quarto anjo, que "havia descido do Céu," que haviam recebido a
predita "chuva serôdia," e, por isso, estavam a proclamar o
"alto clamor". Sendo a dita "mensagem" dirigida
especialmente à Igreja Adventista, davam já cumprimento negativo às previsões
da Sra. White, eles que, saídos da Igreja, pregavam que a mesma havia se
tornado uma parte de Babilônia.
Note-se,
porém, que no trecho, linhas atrás, a profetisa diz que "essa classe não
sabe realmente o que crê." E foi o que ocorreu.
Sabe-se
que poucos anos depois, os próprios líderes da Reforma já não criam mais que
tivessem recebido a chuva serôdia em 1914-18, e muito menos que, durante pelo menos
aquele período, tivessem dado o alto clamor de Apoc. 18:4, ficando evidenciado
que o surgimento de tal grupo com tal "mensagem" para a Igreja
Adventista, constituía, nada mais, nada menos, que o cumprimento das palavras da
Sra. White: "Correram sem ser enviados... não os recebais..."
Tal
crença, exposta no item 16 dos "Princípios de Fé", começou a
"atropelar" e a "derribar" reformistas pelo mundo afora,
pois sendo ensinado aos candidatos ao batismo,como prova de comunhão, a crença numa chuva serôdia, na Reforma, em 1914, assim como num
"alto clamor", não era difícil perceber que estavam tentando
"tampar o sol com uma peneira".
Realizaram
então uma Conferência Geral no Brasil, em 1959, e resolveram por unanimidade de
votos mudar o dito ponto. Mas foram
bastante infelizes na referida mudança, que passou a rezar o seguinte: Em lugar
de "cremos que é o cumprimento" de tal e tal profecia, o texto foi
alterado para: "Cremos que conduz para o cumprimento" de tal e tal
profecia. E qual foi o resultado? Todas as profecias ali citadas como tendo se
cumprido em 1914-18 com o surgimento da Reforma (inclusive, é lógico, o
"outro anjo" ou quarto anjo), foram transportadas para o futuro,
ficando o surgimento do dito grupo, em 1914, como um "meio" de
"conduzir" para o real cumprimento de tais profecias. Compare os
antigos "Princípios de Fé" com os novos.
Com
esse retoque, eliminaram-se as "profecias" de que tanto os
reformistas falam, como estando a se cumprir com eles, desde 1914...
A Divisão de 1951
A
saída, voluntária ou por expulsão, de um grupo, de qualquer igreja, não a
desclassifica, pois em todos os tempos sempre houve isso. Mas, uma Conferência
Geral quebrar-se praticamente ao meio, constitui um caso extremamente grave.
Pois foi o que aconteceu com a Reforma em 1951, depois de uma briga ferrenha de
15 dias, entre seus 25 representantes.
Os
25 se dividiram em dois grupos: De um lado ficaram 14 representantes, que se
organizaram numa Conferência Geral da Reforma, "original de 1914",
com sede na Alemanha, sob a direção do Sr. Carlos Kozel; do outro, ficaram 11
representantes, os quais também se organizaram numa Conferência Geral da
Reforma, com sede nos Estados Unidos, sob a direção do Sr. D. Nicolici. Os "14"
foram "excluídos" pelos "11", ao passo que os "11"
foram "demitidos", da verdadeira "Reforma original de
1914", como "rebeldes" que fazem a "obra do diabo".
No
Brasil, a maioria — depois da ferrenha briga — ficou ao lado do grupo dos
"11", sob a direção do Sr. A. Lavrik. Foi quase automática a minha permanência
com o grupo dos "11". Mas, como se sabe, houve ainda outras separações,
embora menos graves, dando assim, cumprimento às profecias da Sra. White, onde
ela os denomina de "ramificações transviadas", "um aqui e outro ali",
que Deus não está dirigindo. (Testemunhos
Para Ministros, pág. 61).
Tendo-me
interessado pela Igreja Adventista do Sétimo Dia — para cuja fundação houve
realmente profecias bíblicas, e que recebeu credenciais divinas, e não do homem
— tomei a decisão de não me batizar sozinho. Estava disposto a envidar
esforços, a fim de levar comigo mais alguém para a igreja. E meu anseio foi
satisfeito.
Notei
que entre muitos ludibriados pelo "fogo do fanatismo", ignorância e
obcecação, e que não têm "alto senso de honra e integridade" (Idem, pág. 42), há almas sinceras e
zelosas, que têm condições de compreender e aderir à verdade. E, para entrar em
contato com tais pessoas, não precisei ir longe. Na região de Rio Claro, SP,
onde sou residente, perambulam espiritualmente alguns "fragmentos" da
chamada "Reforma de 1914", os quais, em virtude de uma série de divisões
e separações da reforma de 1951, figuram, mui logicamente, como
"bisnetos" da mesma. Como a iniciativa foi coroada de êxito, este
fato sugeriu a terminologia "Reformistas Bisnetos" utilizada no
título deste artigo. Vejamos, agora, como tais fatos vieram a ocorrer.
Das
duas "reformas" que atuam paralelamente (inclusive com o mesmo
título), desde a referida divisão de 1951, o grupo dos "14
delegados", tendo à frente o Sr. Carlos Kozel, apresenta-se,
intransigentemente, como a "verdadeira reforma, original de 1914".
Para tanto, exibem esse título no frontispício de suas revistas e folhas timbradas.
Esse grupo alega e sustenta que, enquanto eles constituem a "verdadeira
reforma de 1914", prevista — segundo eles — pelo Espírito de Profecia, o
chamado grupo "dos 11", liderado, inicialmente, por D. Nicolici e A.
Lavrik, constitui, nada mais, nada menos, que "uma falsa reforma", fundada
em 1951, como pura rebelião, e sem nenhuma previsão do Espírito de Profecia.
Nesta
circunstância, a "reforma de 1951", constitui uma "filha"
da "reforma de 1914". Mas, tais grupos são formados por homens sobre
os quais o Espírito de Profecia assim se pronuncia: "Dificilmente há dois
deles cujos pontos de vista se harmonizem"( Testemunhos Seletos, vol. 1, pág. 166.), pois pertencem evidentemente
a uma classe que "não sabe realmente o que crê" e são
"inspirados com zelo que vem de baixo" (Testemunhos para Ministros, pág. 49). Assim, surgiu por volta de
1976, um grupo de "reformistas", liderados pelos irmãos Costa, os
quais haviam rompido com a "reforma" a que pertenciam, isto é, o grupo
de "11", fundado em 1951. O grupo dos "Costa", nesse caso,
constitui um "neto" da "reforma de 1914".
Mas,
como o neto traz consigo os mesmos característicos dos pais ou predecessores, é
lógico que a dita "causa" mais cedo ou mais tarde haveria de produzir
os mesmos efeitos negativos. E foi o que aconteceu recentemente (1982). Levantaram-se
os irmãos Lima, obreiros dos irmãos Costa, alegando que eles estavam
"errados", etc, etc. E, como não podia deixar de ser, logo os irmãos
Lima se separaram e fundaram um grupo à parte. Temos aí um grupo "filho"
do "neto" da "reforma de 1914", ou seja, um
"bisneto" dela.
Notei,
então, que nesse grupo "bisneto" da "reforma de 1914", em
Rio Claro, havia várias pessoas sinceras, porém, enganadas pelo falso
emaranhado daquele fragmento de uma "obra de homens" que
"correram antes de ser enviados". Notei que essas pessoas precisavam
urgentemente de ajuda espiritual, a fim de que pudessem libertar-se daquela
"teia de aranha" em que tinham sido envolvidas.
Então,
como eu tinha o propósito de não "ir sozinho" para a Igreja
Adventista do Sétimo Dia, fui pessoalmente à região de Iguapé, SP, convidar o
Pastor Diomar Pereira (que morava lá), a fim de me ajudar a enfrentar aqueles
"corifeus" recalcitrantes, tendo em vista esclarecer a verdade às
pessoas sinceras que notava haver naquele grupo.
O
Pastor Diomar veio, trazendo sua vasta e profunda experiência na luta contra
tais aventureiros. Tivemos, então, várias horas de acirrada polêmica e, como
não podia deixar de ser, a verdade prevaleceu sobre o erro, e aqueles cujos corações
se abriram para a verdade, decidiram-se pela mesma. E assim, no dia 19 de
fevereiro de 1983, 11 preciosas almas, juntamente comigo, descemos às águas batismais.
Agora, estas pessoas se regozijam por ter encontrado a verdade e descoberto a
Igreja verdadeira, em cumprimento às profecias. (Concluirá)
Marceu Antônio de Souza — Ex-reformista;
atualmente é membro regular da Igreja
Adventista de Rio Claro, SP.
Fonte:
Revista Adventista, março de 1984, páginas 37 a 39 http://www.revistaadventista.com.br/cpbreader.cpb?ed=1651&s=3873171211
Leia a continuação da história clicando no link abaixo:
http://movimentodereforma.blogspot.com.br/2012/05/historia-e-conversao-de-reformistas.html
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