Carta Aberta de D. Constantinescu - ex-presidente da união romena dos IASD-MR

D. Constantinescu foi por 18 anos ministro da igreja Adventista do Sétimo Dia na Romênia, mas no ano de 1926 já era membro e pastor do movimento de reforma e é citado por Alfons Balbach em seu livro sobre a história da IASD-MR, páginas 340 e 341. E depois de um tempo no movimento finalmente pode ver qual era o verdadeiro caráter do mesmo e finalmente retornou ao redil e escreveu a carta abaixo aos membros da igreja da reforma esclarecendo aos membros o porque do retorno a IASD.


[O que se vai ler é uma carta de um dirigente do movimento reformista na Romênia. O conteúdo da carta oferece-nos uma
comparação entre nossa igreja e o movimento de oposição. Enquanto o
Se­nhor abençoa a obra da nossa antiga igre­ja, a obra do novo movimento se vai esfacelando em desunião. —N. da Ked.]

Bucarest, 1º. de dezembro de 1930.

CAROS IRMÃOS DO MOVIMENTO DE REFORMA:

Enviei-vos uma cópia de minha car­ta pela qual tornei publico o meu afastamento desse chamado movimento de reforma, e na qual mencionei alguns dos motivos que me levaram a dar es­se passo.

Sendo esta uma coisa muito séria, e visto como não se trata unicamente de minha salvação, mas também da vos­sa, não me quero afastar antes de ha­ver cumprido o meu dever. Por isso vos peço observar os seguintes pontos, ponderai-os bem e não os considerar levianamente.

A irmã White escreveu, três meses antes de sua morte, sobre a propagação da mensagem do advento: “Segundo a luz que recebi do Senhor, estou cer­ta de que, se nossos colportores cum­prirem fielmente seu dever, o conhe­cimento da verdade duplicará, e triplicará. É plano do Senhor que a pro­pagação dos nossos livros em varias línguas aumente”.

“A verdade avançará cada vez mais, até que a terra toda esteja iluminada e advertida.”—Testem. Vol. 9, pag. 96.

“Nossa obra nos é claramente mos­trada na palavra do Senhor. Cristão deve-se unir com cristão, igreja com igreja, o os seres terrestres com os ce­lestes, para, no poder do Espírito San­to, proclamar com todo o poder a di­vina mensagem de graça a um mundo perdido.”—Boletim da Conf. Geral, 1893, pag. 421.

“Oremos, com o coração humilde, pa­ra que o Senhor agora, ao tempo da chuva serôdia, derrame sobre nós a Sua graça. Em cada reunião a que assista­mos, devem erguer-se ao Senhor as nos­sas orações para que Ele, exatamen­te agora no tempo da chuva serôdia, nos dê o Seu Espírito.”—Testem, pa­ra os Ministros, pag. 508.

“Não virá o Espírito de Deus hoje, em resposta a oração fervorosa, perseverante, enchendo os homens com po­der?... Já muitos estão recebendo o Espírito Santo, e o caminho não será por mais tempo obstruído por apática indiferença.”—Id. Págs. 32, 33.

E agora, caros irmãos, consideremos um pouco estas coisas, sem preconceito nem parcialidade. Diz a irmã White que a obra se haveria de duplicar e triplicar, e isto na terra toda. Vejamos o que se dá com o número de membros: Em 1915, quando a irmã White escre­veu este testemunho, havia no mundo todo cerca de 130.000 membros, ao passo que hoje, se me não engano, ha mais de 300.000. Isto quer dizer que o número de membros, de fato, tri­plicou. Nos últimos quatro anos se batizaram 104.236 almas, e em um só ano, 1929 foram batizados... 29.371. Isto significa que em cada dia se poderia organizar uma nova igreja de 80 membros e em cada sema­na uma nova conferência de 560 mem­bros. Não vedes ai os frutos da chuva serôdia?

Quatro anos atrás trabalhavam os A. S. D. em 250 línguas; hoje, porém, trabalham em mais de 400. Enquanto nós, no movimento de reforma, ficamos parados no mesmo lugar, ou mesmo re­trocedemos, o movimento dos A. S. D., pelo Espírito Santo, avança sempre.

Na Estônia o movimento de reforma tinha a principio 600 membros. Hoje, porém, só ha ali 200 a 250. Tinham 12 pregadores; hoje só tem um. Na Alemanha foram neste ano recebidos 100 membros. Quantos, porém, hão de ter sido excluídos, se só dos pregadores três ou quatro os deixaram?

O que nós ouvimos acerca da propa­gação da mensagem do advento, é na verdade uma maravilha, e corresponde em tudo as especificações da profecia. Na África, por exemplo, havia quatro anos atrás 11.513 membros da escola sabatina; hoje o número é de 26.066. O resultado colhido ali nos últimos quatro anos equivale ao que se verificou nos 36 anos anteriores. Só naquela terra tem os adventistas 54 postos missionários.

Da mesma forma os vemos trabalhar nas ilhas do mar. Sim, sua obra fir­mou pé mesmo entre os canibais. Além dos 3.000 membros que tem lá, tem também uma escola missionária, da qual já partiram para a obra mais de 80 obreiros! Meditai seriamente so­bre isto! 80 pessoas que viviam na maior selvageria, como os piores pa­gãos, tornaram-se cristãos sinceros e proclamam a outros a tríplice mensa­gem angélica.

Que fazemos nós, como movimento de reforma? Em comparação com is­to, nada, positivamente nada. Faze­mos planos para construir restaurantes e hortas, como ainda ha pouco resolveu a comissão da União. E esta resolu­ção só não foi executada porque eu a ela me opus, pois não queria que os sacrifícios de pessoas sinceras, feitos com verdadeiro amor, fossem esbanja­dos, como se dera com a tipografia, a estação climática e a casa das missões. O mesmo fizeram com 150.000 leis [di­nheiro], juntados pelos irmãos da Transilvânia, e que foram empregados na casa de Dumitro Domosko, etc.

Dentro do movimento brigamos; tra­balho missionário no estrangeiro não fazemos; e assim Deus não pôde por nós realizar a Sua obra na terra, co­mo escreve a irmã White, a qual deve ser feita em todo o mundo. Falamos sempre na chuva serôdia, a qual deve ser derramada em breve; estou, no en­tanto, convencido, de que a chuva se­rôdia já está caindo agora. E a pro­va disto temos na obra do movimento adventista.

Enquanto a irmã White diz: “Cristão deve-se unir com cristão, igreja com igreja”, que fazemos nós? Vemos esta maravilhosa obra que o Se­nhor efetua e em seguida nos reti­ramos e a criticamos, semeamos a des­confiança no coração dos crentes e fa­zemos assim uma obra que Deus rejei­ta e condena.
Nas Ilhas Filipinas tinha o movi­mento adventista, há quatro anos, 6.374 membros; hoje, porém, ha ali 12.633. Assim, o número de membros em quatro anos duplicou, como a irmã White o havia predito.

O movimento dos A. S. D. tem hoje no mundo todo 1.954 escolas ele­mentares, com 65.132 alunos, e 219 escolas secundarias com 25.942 alunos. Quanto possui o movimento de reforma? Nada, absolutamente nada! Na África tem os adventistas seis Uniões, havendo em cada uma delas um colégio, e além disso uma escola superior para toda a África. Todas essas escolas não perseguem nenhum outro objetivo senão preparar homens para proclamar a mensagem ao mun­do todo.

Eu creio que o Senhor ha de concluir em breve a Sua obra. Este grande êxito que vemos diariamente, não é outra coisa senão a chuva serôdia. Sim, é agora o tempo da chuva serôdia.

Aqui na Romênia trabalham com o mesmo êxito. Em doze meses batizaram 1.885 almas, e os cento e tantos colportores venderam livros no valor de mais de oito milhões de leis. Só mes­mo os que não querem é que não re­conhecem que, apesar de toda a crítica e ódio pelos quais procuramos deter essa obra, ela é na verdade a obra de Deus, e que a igreja do advento é a verdadeira igreja de Deus, e sê-lo-á até o fim.

Que é, então, o movimento da re­forma? Diz a irmã White: “Cons­tantemente surgem grupos que dizem que Deus só esta com os poucos espar­sos, e sua influência dirige-se no sen­tido de destruir o que os servos de Cristo ergueram. São espíritos inquietos, que querem sempre ver e crer alguma novidade. Uns surgem aqui, outros ali, mas todos fazem uma obra especial para o inimigo. E apesar disso afirmam possuir a verdade. Fi­cam afastados do povo que é dirigido pelo Senhor.”—Dons Espirituais, pág. 158.

O chamado movimento de reforma, pois, não pode ser outra coisa senão um desses grupos acima mencionados, co­mo o prova o Espírito do Senhor.

Vejo que o povo do advento é o po­vo do Senhor, e por isso mesmo estou resolvido a não continuar trabalhando contra a obra da chuva serôdia, mas antes orar por ela. Apesar de não po­der ser pregador no movimento do ad­vento, farei tudo para ajudar no pro­gresso dessa grande obra. Hei de vender literatura, ou de qualquer outro modo ganhar o meu pão, para assim ajudar esta obra. Estou certo de que o Senhor me ha de abençoar.

Como minha consciência não está tranquila, pois muitos de vós foram pela minha influência levados a passar para este movimento, não vos quero abandonar antes de primeiro estar limpo de vosso sangue. Estarei, pois, no vosso dispor ainda por um ou dois meses, e nesse tempo estarei disposto a vos dar, pela palavra e pela pena, mais esclarecimentos, aonde quer que eu seja por vós chamado. Isto faço de espontânea vontade e por minha con­ta. Depois desse tempo tratarei de ganhar a subsistência do modo que o Senhor me manifestar. Até então es­tarei à disposição dos que de fato se interessarem na salvação de sua alma. Espero ser por vós convidado, afim de vos dar mais esclarecimentos sobre os erros do movimento da reforma.

Com cordiais saudações, vosso ir­mão no Senhor,
D. CONSTANTINESCU,
Presidente da União de Muntenia, dos
Reformistas, Bucarest, Rua Filimon, 32.

Fonte: Revista Adventista março de 1932

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