Hoje, católicos, espíritas e protestantes operam milagres a três por dois, e ninguém que ainda não tenha visto a operação de um milagre ousa, em público, pôr em dúvida a possibilidade dessa prática, sob pena de ser convidado a testemunhar com os seus próprios olhos aquilo de que
possivelmente duvide. Muitos que apenas ouvìram falar em milagres, e que ainda não tiveram a curiosidade de investigar o assunto, acham, por algum tempo, que se trate de prestidigitação ou fraudulência. E assim dão por encerrada a questão. Mas, sendo acossados por notícias que lhes desafiam o ceticismo e por convites que lhes despertam a curiosidade e insistentemente apelam para a satisfação da mesma, vão finalmente testemunhar aquilo em que não queriam crer, e, sendo postos em face de manifestações inegavelmente sobrenaturais, atribuem-nas ao "grande poder de Deus".
Vêem, por exemplo, que enfermos já desenganados são curados às vezes instantaneamente ou quase instantaneamente; vêem que objetos são movidos de um lugar para outro, ou são levantados ao ar, sem a intervenção de mãos humanas; vêem que pessoas, por assim dizer analfabetas, quando inspiradas falam e escrevem com habilidade e erudição extremas; e vêem outras tantas coisas que os deixam ainda mais estupefatos. E, agora, estão prontos para sair de um engano e cair noutro, por não conhecerem a Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada.
Mas ninguém necessita ser iludido. A Bíblia é bastante clara Sobre este assunto. Mostra-nos que, desde tempos remotos, milagres eram operados tanto pelo poder de Deus como pelo poder de Satanás.
"Satanás? - Um mito da antigas fábulas judaicas e cristãs", dirão alguns que se contentam com opiniões não baseadas na investigação pessoal. "Quem duvida de sua existência", dirão outros, "vá vê-lo e conversar com ele num centro espírita". Mas nós damos outro conselho: "Se alguém duvida da existência de Satanás, comece a resistir-lhe, e logo se convencerá de que ele existe".
Vamos, porém, à questão dos milagres. Podem, segundo ensina a Escritura Sagrada, ser operados não só pelo poder de Deus, mas também pelo poder de Satanás. E a Bíblia nos dá fartos exemplos em ambos os sentidos. Basta citarmos, do Velho Testamento, o caso de Moisés e Aarão perante Faraó, rei do Egito. Os dois servos de Deus, pelo poder divino operaram várias maravilhas, e os magos do rei, com os seus encantamentos, fizeram o mesmo, até certo ponto.
Do Novo Testamento, podemos citar o fato de que Jesus Cristo e os apóstolos faziam muitos milagres, ao passo que na cidade de Samaria se achava um certo homem, chamado Simão, que, exercendo as artes mágicas, iludia muita gente. Desse homem todos diziam: "Este é o grande poder de Deus".
Falando Jesus Cristo acerca dos dias em que estamos vivendo, disse que, como um dos sinais de que Sua segunda vinda estaria próxima, apareciam muitos taumaturgos. "Porque", rezam as palavras do Mestre, "surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que se possível fora enganariam até os escolhidos". (S. Mateus 24:24). Não obstante, existem também curas e outros milagres verdadeiros. Como então distinguir as manifestações genuínas das espúrias? Eis uma tarefa que, à primeira vista, não parece ser muito fácil, mas que é de máxima importância, porque amanhã ou depois cada um de nós terá que defrontar este problema, e quem não souber fazer esta distinção, será enganado.
Por onde, pois se fará a distinção? Em primeiro lugar, devemos esclarecer que os cristãos verdadeiros não têm a operação de maravilhas como prova do discipulado. Os genuínos seguidores de Cristo não necessitam fazer milagre para provar que são discípulos do Mestre. De João Batista, que foi o maior dos nascidos de mulher, está escrito que ele "não fez sinal algum". (S. João 10:41). Necessitamos, portanto, saber em que consiste a prova do discipulado, pois é somente à luz desta prova que todo milagre e todo milagreiro deve ser identificado como verdadeiro ou falso. E como o que por sua vez necessita ser provado nunca pode servir de prova, é lógico que a operação de milagres por si mesma não constitui sinal de identificação, como muitos pensam, erroneamente, porque os que não são cristãos verdadeiros também podem fazer maravilhas, porém pelo poder de Satanás. E a contrafação é tão exata que só se discerne entre o genuíno e o espúrio pela prova do discipulado, que é a obediência à Palavra de Deus.
"Se vós permanecerdes na Minha palavra, disse Jesus, "verdadeiramente sereis Meus discípulos". (São João 8:31). "Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece, não tem Deus; o que permanece na doutrina, esse tem assim o Pai, como o Filho", escreve João apóstolo (2 S. João 9).
Quem faz milagres em nome de Deus, Pretende fazê-los pelo poder do Espírito Santo. Se esta pretensão corresponde à realidade, o milagreiro deve estar cem por cento de acordo com a Palavra de Deus, que é a verdade (S. João 17:17), porque quando alguém possui o Espírito Santo, Este o guia "em toda a verdade". (São João 16:13). À luz desses textos, é, pois, fácil sabermos se um milagre é verdadeiro ou falso, e se o milagreiro é guiado por Deus ou por Satanás. Operando alguém sinais e maravilhas, e achando-se em completa harmonia com a Palavra de Deus, que é a verdade, não encontraremos objeção para opor-lhe. Caso contrário, deveremos rejeitar a manifestação sobrenatural como não procedente de Deus.
"Acautelai-vos dos falsos profetas que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores. Pelos seus frutos os conhecereis", são palavras de advertência de Jesus Cristo. (S. Mateus 7:15, 16).
Em ligação com a advertência contra os falsos profetas, que devem ser identificados por seus frutos, disse Jesus: "Nem todo o que Me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos Céus, mas aquele que faz a vontade de Meu Pai que está nos Céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-Me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em Teu nome, e em Teu nome não expelimos demônios, e em Teu nome não fizemos muitos milagres? Então lhes direi explicitamente: Nunca vos conheci. Apartai-vos de Mim, os que praticais a iniqüidade". (S. Mateus 7:21-23].
Muitos, por toda parte, fazem esta e quem sabe quais outras coisas em nome de Cristo, mas não são Seus discípulos, pois não têm a prova do discipulado - a obediência à Palavra de Deus - de vez que são praticantes da iniqüidade, que é o pecado. "E", perguntará alguém, "por onde se sabe o que é e o que deixa de ser pecado?" "Só pela lei de Deus", é a resposta bíblica. "Pela lei vem o conhecimento do pecado", diz o apóstolo Paulo; e acrescenta: "Eu não conheci o pecado senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse Não cobiçarás." (Romanos 3:20; 7:7). "Todo aquele que pratica o pecado, também transgride a lei: porque o pecado é a transgressão da lei", escreve João apóstolo. (1 João 3.4 - Rev. Aut.). Quem deseja apartar-se da iniqüidade, deve dirigir-se a Cristo, que lhe dará poder para obedecer à lei de Deus. Aliado a Cristo, o homem não se limitará a obedecer oito ou nove décimos da lei, porque Deus não aceita obediência parcial. "Pois, qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos". (S. Tiago 2:10). Eis a conclusão do estudo: Todo milagreiro deve ser submetido à prova da obediência integral à lei de Deus, a ver se sua obra é ou não de Deus.
"À Lei e ao Testemunho! Se não falarem segundo esta palavra, nunca verão a alva." (Isaías 8.20).
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